Não seria exagero algum, encontrar como pano de fundo para a grande maioria dos principais problemas nacionais, a questão da corrupção. Com isso, poderia ficar absolutamente aceito que a corrupção está na raiz de problemas que vão desde a pobreza e a persistência de um subdesenvolvimento crônico, que afeta a todos os cidadãos, atingindo seu ápice na desestruturação do próprio Estado, por meio da falência da ética pública e da perda de credibilidade das instituições e dos Poderes.
Nessa larga ficha de prejuízos, trazidos pelo fenômeno maligno da corrupção, a desestabilizar o edifício do Estado e fazendo ruir seus alicerces, as crises políticas e cíclicas são ameaças permanentes. Com isso, surgem, do nada, ameaças de golpes e de retrocessos institucionais, criando um ambiente e instabilidade geral, propício para o surgimento de aventureiros políticos e outros embusteiros de ocasião.
Na sociedade, os reflexos dessas anomalias, vindas de cima, são vistas na forma de miséria humana e urbana, violência e degradação das cidades e do meio rural. Roubam de tudo, de peças de hidrantes, fios, tampa de bueiro a milhões de reais dos cofres na nação. Nada mais parecido com o inferno. O mais surpreendente é que, num cenário distópico como este, em meio aos escombros que vão se erguendo pelo país, a população, orientada, por seus próprios algozes, volta as costas a um candidato que ousa tratar do tema do combate à corrupção, não apenas com promessas de palanques, mas com feitos pretéritos que comprovaram seu compromisso com essa questão e que, até pouco tempo atrás, chamava a atenção dos brasileiros e de todo o mundo para esses feitos históricos.
Eis aqui uma questão que intriga a muitos: por que a população não tem aderido ao chamado e ao apelo político de combate à corrupção? Seria a lógica natural, que daria início ao fim de um pesadelo que se arrasta por séculos? Mas o que é a lógica para uma nação absorvida por um cotidiano de sobrevivência selvagem?
Por sua qualidade de neófito no emaranhado e sujo mundo da política nacional, o ex-juiz e atual postulante à presidência da República, Sergio Moro parece ter caído numa armadilha. Moro se vê hoje como numa pelada de periferia, onde sem regras claras, corre de um lado para o outro. Não como jogador e com chances de fazer gols, mas como sendo a própria bola do jogo, chutado por todos os lados e cujo destino lhe foge por completo.
Para piorar uma situação que, em si, é dramática, o ex-juiz observa que dos dois lados do campo, seus adversários estão unidos no afã de chutar-lhe para escanteio. É nesse ambiente do ludopédio que tanto a população quanto os juízes a distância torcem para os dois lados, indiferentes ao destino da bola. É essa a pré-campanha que temos: uma pelada de várgea.
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