A obesidade se tornou um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, uma das maiores preocupações de especialistas justamente por estar associada ao desencadeamento de várias doenças. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um a cada cinco adultos terá obesidade em 2025 se nada for feito para frear essa pandemia que cresce rapidamente em todo o planeta.
O Relatório Global de 2021 da ONU apontou que, em 2020, mais de 2,3 bilhões de pessoas, 30% da população mundial, não tiveram acesso à alimentação saudável. Junto a outros fatores, isso contribui para o aumento da obesidade.
No Brasil, a obesidade cresceu 82,2% em 14 anos. Hoje, 21,5% dos brasileiros são obesos. Pesquisa Diet & Healt Under Covid 19, realizada pela Ipsos2 em 30 países, mostra que os brasileiros foram os que mais engordaram na pandemia: 52% declararam que ganharam 6,5 quilos em média desde o início da covid-19. Homens e mulheres tiveram praticamente o mesmo ganho de peso no período.
No caso de crianças, essa situação é ainda mais grave. A pandemia acelerou o número de casos de obesidade infantil. A OMS estima que, em três anos, o número de crianças obesas no planeta chegue a 75 milhões. No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que uma em cada três crianças, com idade entre 5 e 9 anos, está acima do peso no país, assim como 7% dos adolescentes na faixa etária de 12 a 17 anos estão obesos.
Uma pesquisa desenvolvida pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e publicada na revista científica Jornal de Pediatria aponta que o isolamento social na pandemia da covid-19 provocou ganho de peso nas crianças. Mais tempo em casa significou aumento de tempo diante das telas e longe de atividades físicas e brincadeiras ao ar livre. Também nesse período, as crianças passaram a comer mais e de forma menos saudável, o que acende o alerta de especialistas da área de saúde.
Os dados são preocupantes. É preciso que pais e responsáveis fiquem atentos aos hábitos alimentares das crianças, estimulem a prática de atividade física e procurem ajuda profissional para prevenir e tratar o aumento de peso e a obesidade. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que uma criança obesa tem risco 30% maior de se tornar um adulto obeso.
Não é possível culpar apenas a má alimentação e a falta de atividade física pela obesidade — em que pese a grande contribuição dos excessos na comida e o consumo de produtos ultraprocessados, bem como o sedentarismo, no aumento de peso. Fatores genéticos, questões hormonais e o uso de alguns medicamentos também podem influenciar na obesidade. E o risco de desenvolver outras doenças é grande. Um estudo da União Internacional de Controle do Câncer comprovou a relação entre obesidade e câncer. Estima-se que 30% dos casos da doença nos países ocidentais estejam relacionados ao sedentarismo e ao excesso de peso.
Além do câncer, a obesidade é fator de risco para mais de 30 doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão. Por ser uma questão de saúde pública, deve ser tratada como tal. As perdas de vida, as hospitalizações e o custo econômico que o Brasil tem com as DCNTs são muito altos para que os governos negligenciem o problema.
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