Brigas em escolas

Visto, lido e ouvido: Educação ainda é caso de polícia

Quando a educação deixa de ser uma questão, cujos ajustes técnicos podem ser encontrados dentro das ciências da didática e da pedagogia, e passa a requerer a intervenção direta da força policial, para que se consiga um mínimo de desempenho, temos que admitir, o mais urgentemente possível, que não estamos diante de um problema de educação propriamente dito, mas, sim, diante de um fenômeno capaz de destruir o nosso medíocre sistema de ensino, transformando nossas escolas em ambientes de alto risco para alunos, professores, trabalhadores e toda a comunidade no seu entorno.

Esse é mais um elemento a se juntar ao conjunto de problemas que assolam nosso sistema de ensino desde sempre e que nos empurra para o fim da fila, quando o assunto é avaliação da qualidade de nossa educação pública, vis-à-vis a outras nações. Se a educação, como repetia o filósofo de Mondubim, é baseada num conjunto de bons exemplos, vindos de cima para baixo, estamos numa enrascada de todo o tamanho.

O imbróglio envolvendo agora o ministro da pasta e seus assessores diretos, com o uso da fabulosa verba desse ministério sendo direcionadas, prioritariamente, para amigos, correligionários e irmãos de fé, mostra que o problema a afligir todo o sistema de educação do país perpassa todas as hierarquias, atingindo, de forma igualmente ilegal todos os operadores da educação, do ministro ao aluno mais modesto.

Trata-se de uma questão sistêmica a afligir todo o edifício da educação em nosso país e a possibilidade de que essa enorme estrutura venha a se colapsar por completo. Em meio a esse desmoronamento do sistema, os pais parecem viver um pesadelo, pois são obrigados, por lei, a mandar seus filhos para a escola a partir dos quatro anos. Aos casos escabrosos de facadas, tiroteios, tráfico de drogas, camisa de força, torturas, ameaças e espancamentos, ocorridos quase que diariamente dentro e nas proximidades das escolas, juntaram-se também o episódio em uma creche, em Vila Formosa (SP), em que diretora é a principal suspeita de torturar, sadicamente amarrando e prendendo os bebês em quartos escuros, e cometer crimes só vistos em pesados filmes de terror.

Não há como negar que, de cima a baixo, o que a população brasileira tem como sistema de educação, mesmo com a verba para esse ano ultrapassando a casa dos R$ 140 bilhões, é um caso de polícia, com as escolas e o próprio ministério cercados pelos agentes da lei, com todos de mãos levantadas, num salve-se quem puder.

O reforço no batalhão escolar, como determinado agora pelo GDF, com varreduras e outras medidas preventivas de ordem policial, mostram que ainda estamos muito longe de uma escola ideal, capaz de inserir o país no século 21.

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