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Prêmio

Parabenizo o Correio Braziliense pelo reconhecimento internacional conquistado no Prêmio de reportagens de Segurança Viária (1/3, pág. 14) — chancelado pela OMS/ICDJ — em especial às jornalistas Adriana Bernardes, Jéssica Eufrásio, Pedro Grigori e Samara Schwingel, assinantes da série intitulada Selvageria no Trânsito, publicada, em três matérias, a partir de 28/11/2021. Ao ler o referido artigo, ao leitor são permitidos tanto a conscientização quanto o esclarecimento acerca de alguns problemas que acarretam elevadas estatísticas de morte no trânsito brasileiro, vergonhosamente responsáveis por alçar o Brasil ao topo desse ranking, ao lado de nações em desenvolvimento, como Bangladesh, Colômbia, Gana, Índia e Uganda, na África subsaariana, além de apontar, em sua construtiva crítica, pontos sensíveis que somente reforçam a urgente necessidade dos governos federal e distrital implementarem soluções que possam, enfim, viabilizar mais segurança aos cidadãos, sobretudo na oferta de sistemas viários urbanos eficientes e de qualidade!

Nelio Kobra Machado,

Asa Norte

Flores

Toda a guerra representa o esgotamento da capacidade de diálogo entre as partes, direta ou indiretamente, envolvidas. Há muito tempo, as relações interpessoais enfrentam desgastes enormes, o que bloqueia o sucesso da cultura da paz no mundo. A falta de amor fraternal expressa perigosamente o triunfo da violência e do individualismo. A democracia vem perdendo seu poder de convencimento e persuasão para um capitalismo de guerra, cujo poder econômico impõe sua vontade cruel sem pestanejar. O poder das armas precisa se curvar diante das mesas de discussão e debate. Não à toa, a cultura está sendo vítima do que George Steiner (1929-2020) chama de "retirada da palavra". Mesmo reduzidas a alvos de uma artilharia pesada e covarde, todas as vidas importam. Como ápice explosivo de uma ordem bélica, a fúria militar tem como vítimas preferenciais a razão e a sensibilidade enfraquecidas. A respeito, Geraldo Vandré, na canção Pra não dizer que não falei de flores (1968), dizia: "Há soldados armados, amados ou não/Quase todos perdidos de armas na mão/Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição/De morrer pela pátria e viver sem razão". Priorizar a guerra como investimento mundial maior significa alimentar o custo destrutivo do progresso moderno. Assim, escutando Vandré, sigo confiando na vitória da esperança sobre o medo: "Pelos campos há fome em grandes plantações/Pelas ruas marchando indecisos cordões/Ainda fazem da flor seu mais forte refrão/E acreditam nas flores vencendo o canhão".

Marcos Fabrício Lopes da Silva,

Asa Norte

Mente e mãos

Mens et Manus, mente e mãos. Esse é o lema do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o mítico MIT, desde seu surgimento, em 1861, em Cambridge, na costa leste dos Estados Unidos. É uma referência à junção do ensino acadêmico com o técnico, um conceito que os americanos importaram da Alemanha naqueles tempos de industrialização acelerada. Outra forma de interpretar mens et manus: a ciência alarga as fronteiras do conhecimento, mas ela pode e deve andar ao lado das aplicações práticas. O MIT se tornaria talvez a estrela mais brilhante na constelação de inovação montada pelos americanos, um ecossistema completo formado por universidades, centros de pesquisa, empresas, mercado financeiro, governo. Cerca de 90 pesquisadores e ex-alunos do MIT são vencedores do Prêmio Nobel. O MIT foi peça marcante na criação de uma de nossas raras estrelas, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e, como consequência, da Embraer. Temos uma base relativamente sólida para trabalhar, com muitos doutores e bons centros: Embrapa, Instituto Butantan, Fapesp e outros. O Brasil investe 1,2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. É o dobro da média do investimento da América Latina, superior ao de Rússia e Índia, e semelhante ao de Itália e Espanha. No mundo emergente, só estamos muito atrás da China. As universidades precisam estar mais presentes na chamada tríplice hélice da inovação, as outras duas são empresas e governo. Precisamos de mais integração com o mundo, até para facilitar a importação de tecnologia. Com tanta bagunça em nossa política, fica difícil pensar nessas coisas.

Renato Mendes Prestes,

Águas Claras