Desde 24 de fevereiro, o mundo assiste, aterrorizado, à invasão russa na Ucrânia. Além da destruição da antiga república soviética — cidades inteiras sendo dizimadas pelos bombardeios russos, inclusive com denúncias de ataques a hospitais e áreas residenciais —, o número de mortos só cresce. Estudo divulgado pelo Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) relata que quase mil civis já morreram e mais de 2.500 pessoas que não têm vínculos militares foram vítimas do conflito: 2.571 civis afetados diretamente pelas ações militares, com 977 mortos e 1.594 feridos. As armas russas, ainda segundo o levantamento, mataram ao menos 81 crianças e feriram outras 108.
Estimativa feita pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), também na última semana, mostra que entre 7 mil e 15 mil militares russos já teriam morrido em combate, inclusive oficiais generais — número bastante alto. A Rússia não confirma as baixas no front desde 2 de março, quando divulgaram 498. Do lado ucraniano, o último número anunciado pelo presidente Volodymyr Zelensky, em 12 de março, apontava 1.300 mortos. É impossível precisar esses dados, de ambos os lados, mas é certo que milhares de civis e militares já morreram.
Até agora, as tentativas de acordos de paz foram em vão. O presidente russo, Vladimir Putin, exige, entre outras coisas, garantias de que a Ucrânia não ingressará na Otan e o desarmamento do país para que não seja uma ameaça à Rússia. Outro ponto colocado é que os ucranianos abram mão dos territórios separatistas — Donetsk e Luhansk. Em relação à Otan, Zelensky já acenou em concordar, mas os outros pontos continuam sem acordo. Apesar da garantia da aliança militar de não enviar tropas para a guerra, a Rússia sofre sanções econômicas severas, que já são sentidas pela população local. A censura imposta pelo Kremlim impede manifestações contrárias à guerra, que não pode ser chamada de guerra por lá.
Mas não é apenas a Rússia e a Ucrânia que sentem os efeitos da invasão. Após 32 dias de conflito no Leste europeu, além dos mais de 3,5 milhões de refugiados ucranianos, o resto do mundo também sofre, alguns países mais, outros menos. Russos e ucranianos são grandes produtores de várias commodities, como soja, trigo, milho, petróleo e gás. Com isso, os preços dispararam no mercado mundial, elevando o preço dos combustíveis, por exemplo, que reflete em várias outras frentes, como o transporte. O trigo e o milho têm o mesmo efeito cascata, com a alta provocando o aumento de preços do pãozinho e da carne, respectivamente.
Além disso, o bloqueio dos bancos russos na plataforma Swift impede as transações comerciais, afetando financeiramente várias empresas e países. E vale a pena lembrar que o mundo ainda trava a guerra contra a covid-19 — cuja pandemia não acabou e já matou mais de 6 milhões de pessoas desde 2020 —, contra o aquecimento global, contra a pobreza e a desigualdade social, entre outras batalhas.
Enfim, motivos não faltam para que todos os esforços sejam feitos para um cessar-fogo na Ucrânia. A humanidade precisa se concentrar na criação de acordos e soluções para problemas muito mais complexos e que podem deixar o planeta inviável para as futuras gerações. Em vez de contabilizar mortos e investir em armas, pensar em interesses particulares e pregar a discórdia, os homens precisam focar os esforços no bem coletivo. Só assim teremos um mundo melhor para se viver.
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