opinião

Ana Dubeux: Está tudo bem do jeito que está

A frase é o mantra que conquistamos quando aceitamos perder o controle e decidimos não correr em desespero atrás dele. A fórceps, a pandemia arrancou as certezas de dentro de nós

Ana Dubeux
postado em 27/03/2022 06:00 / atualizado em 27/03/2022 08:32
 (crédito: Ana Dubeux/CB/DA Press)
(crédito: Ana Dubeux/CB/DA Press)

Tomo de empréstimo a frase acima do título do livro que acaba de ser publicado por Neiva Fernandes, psicanalista e instrutora do Programa de Redução de Estresse, ministrado pela Sociedade Vipassana de Meditação.

Vista como uma frase isolada, pode parecer uma repetição do jargão que viraliza pela internet, "E tá tudo bem!", quando as pessoas admitem que não conseguiram realizar todas as tarefas do dia ou coisa semelhante. Uma forma de conceder perdão a si mesmo pelo que é inalcançável no cotidiano tão conturbado.

Mas o "está tudo bem do jeito que está" é mais do que isso. A meu ver, porque não posso correr o risco de interpretar a fala de uma especialista, a frase é o mantra que conquistamos quando aceitamos perder o controle e decidimos não correr em desespero atrás dele. A fórceps, a pandemia arrancou as certezas de dentro de nós. De certa forma, foi bom, porque a gestação de expectativas não nos faz parir "filhos sadios".

Ansiedade, pânico, estresse, bournout. É o que ganhamos quando nos apegamos à ideia de que podemos controlar tudo — tempo, pessoas, o futuro, o imponderável. Está tudo bem do jeito que está, para mim, é assentar dentro de nós a certeza de que o tempo presente é tudo o que temos e que nada é para sempre. Dores, relacionamentos, sonhos, alegrias... Tudo passa e, de fato, devemos deixar passar, ainda que as memórias nos visitem.

Fechar os olhos, respirar profundamente, sentir cada pedacinho do corpo, fazendo um escaneio completo; caminhar prestando atenção apenas no movimento são ações que nos conectam com algo mais profundo do que os pensamentos, às vezes, tão torpes da nossa mente. É um descanso, um afago no corpo cansado e no espírito agitado, acreditem. E é simples, embora não seja necessariamente fácil.

Neiva esteve no CB.Saúde semana passada. Ela é parte do time de convidados que estão nos ajudando a fazer um balanço desses dois anos de pandemia no programa exibido pela TV Brasília e pelas redes do Correio. A saúde mental da população nunca esteve tão abalada. É preciso falar sobre isso, entregar palavras que curam num tempo que nos fere em demasia.

No próximo dia 8 de abril, às 19h, tem palestra gratuita do Programa de Redução de Estresse da Sociedade Vipassana de Meditação. Vá lá no site e se inscreva. O livro da Neiva está disponível para venda no site da Amazon. Que você esteja feliz hoje!

 


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