TÂNIA ZANELLA - Superintendente no Sistema OCB e vice-presidente tesoureira do Instituto Pensar Agro (IPA)
A ascensão feminina no mercado de trabalho é tema constante de debates. Nos últimos 20 anos ou mais, a possibilidade de as mulheres ocuparem cargos estratégicos de chefia ou direção deixou de ser considerada um tabu, mas ainda é motivo de inúmeras discussões envolvendo questões como igualdade de oportunidades e salários, competência, assertividade, maturidade. Diversos estudos apontam, no entanto, que o reconhecimento e valorização da mulher como líder e o incentivo à igualdade de gêneros beneficia não apenas as mulheres, mas a economia como um todo.
No Brasil, de acordo com os últimos dados do estudo Estatísticas de Gênero, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), as mulheres representam apenas 37,4% dos cargos de gestão. Os motivos, também segundo o estudo, se devem principalmente às expectativas impostas em razão da maternidade e aos padrões socioculturais que as sobrecarrega, como os afazeres domésticos mesmo quando dividem a casa com um parceiro.
Há, no entanto, outras barreiras potenciais que impedem a ascensão natural das mulheres no campo profissional. Algumas delas são deficiência na educação e ausência de treinamentos específicos e experiências profissionais. Isso sem contar, é claro, os obstáculos mais comuns dentro das organizações como a discriminação, os estereótipos e os preconceitos.
Ainda assim, quando a oportunidade surge, mulheres provam que podem alcançar os melhores resultados por meio de uma gestão madura e eficiente. A verdade é que, na prática, as líderes femininas acabam levando para as organizações tudo aquilo que apreendem e desenvolvem no dia a dia familiar e no convívio com a sociedade.
Somos fortes e estamos prontas para focar nos negócios, sem deixar de lado as pessoas a nossa volta. Como planejadoras que somos, estamos preparadas para vencer a médio e longo prazo, o que nos diferencia em negociações e também na compreensão de que sempre é possível encontrar uma saída em que todos ganhem, ou seja, a cooperação. Usamos capital humano para agregar. Conseguimos resultados com um jeito carismático e envolvente, e mais do que isso, fazemos tudo de forma natural.
Em um mundo onde a competitividade é cada vez mais acirrada, nossa capacidade multifocal é um diferencial relevante. Ela nos permite fazer e resolver diversas atividades e problemas ao mesmo tempo e ainda observar detalhes nem sempre tão explícitos. Além disso, nossa habilidade para inovar, convencer, vender ideias, envolver pessoas e interagir com o sistema psicossocial das organizações nos tornam preparadas para os mais diversos desafios. Somos experts em manejo de crises e nos adaptamos com facilidade às necessidades de mudanças.
Claro, esse nunca é um caminho fácil. Exige estudo, determinação, força de vontade e resiliência. Mas é também uma conquista que precisa ser considerada cada vez mais natural e constante, uma vez que a diversidade é importante em todo e qualquer modelo de negócio e tem se provado, cada vez mais relevante para o sucesso das organizações.
No cooperativismo, por exemplo, temos trabalhado para impulsionar as oportunidades entre as mulheres, permitindo assim, que ocupem mais cargos de liderança e assumam o protagonismo que merecem. O Comitê Nacional de Mulheres do Sistema OCB, Elas pelo Coop, criado em 2020, tem como proposta realizar capacitações, treinamentos, intercâmbios e eventos para oferecer às cooperadas novos conhecimentos e experiências, ampliando a representatividade feminina no cooperativismo e, em especial, nos cargos de liderança.
O Anuário do cooperativismo brasileiro 2021 aponta que as mulheres representavam, em 2020, 40% dos mais de 17 milhões de cooperados, sendo que 17% delas ocupavam cargos de presidência ou vice-presidência. Para o próximo anuário, com previsão de lançamento em julho deste ano, esperamos poder apontar um percentual maior em relação a liderança feminina como resultado das ações que temos empreendido.
Como mulheres, precisamos continuar sendo persistentes e rompendo barreiras, mostrar como fazemos a diferença. Nossa importância no mundo corporativo já está mais do que provada. Falta agora consolidarmos nossa presença e mostrarmos que juntos, homens e mulheres, podem construir um mundo com cada vez mais igualdade e inclusão.
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