Era pedra cantada. Devido ao avanço da vacinação no país, cientistas e outros especialistas já previam que a pandemia, seguindo uma trajetória previsível desde a explosão dos casos de ômicron mundo afora, estava prestes a dar uma trégua no Brasil caso a população não fizesse grandes aglomerações no carnaval. Passado o temido período da folia, governadores e prefeitos começam a anunciar o fim da obrigatoriedade do uso de máscara em espaços ao ar livre. Belo Horizonte, Distrito Federal e Ceará largaram na frente. E existe a expectativa de que, a partir de amanhã, a cidade do Rio de Janeiro vá além e torne-se a primeira capital brasileira a flexibilizar por completo a exigência da proteção facial. Tanto em ambientes abertos quanto fechados.
Na sexta-feira (4), o mapa da evolução da pandemia de coronavírus no Brasil encerrou o dia em cenário de esperança. Levantamento independente feito por consórcio de veículos de comunicação registrava que a média móvel de contágio por covid-19 no país, nos últimos 14 dias, era de 43.303 casos conhecidos, uma queda de 59%. Em relação às mortes, nesse mesmo período, a média móvel estava em 439, uma redução de 47%. Quanto aos óbitos por covid-19, no contexto geral, o diagnóstico atestando a tão esperada desaceleração se repetia no Distrito Federal e em 26 estados. A exceção era Alagoas, onde o quadro era de estabilidade.
Por isso, a recomendação entre especialistas é que a decisão sobre o fim de restrições nas medidas protetivas contra o coronavírus sejam adotados conforme a realidade de cada município. Eles repudiam a intenção do Ministério da Saúde de mudar o status da pandemia de covid-19 para endemia, o mesmo da gripe, o que acabaria com a obrigatoriedade do uso de máscara de forma linear no país. É por essa razão que, mesmo com zero tendência de alta na propagação do coronavírus neste momento, muitos profissionais da saúde ligaram o sinal de alerta e se posicionaram contra tal determinação.
Conforme já mostrou estudo da Fundação Oswaldo Cruz, a disseminação do vírus no Brasil, assim como a vacinação, não ocorre de forma linear entre as unidades da Federação, regiões e até numa mesma cidade. Bairros ricos e de classe média, com menos densidade populacional, tendem a registrar menos aglomerações e contatos diretos entre as pessoas, reduzindo o risco de contágio. Mas ocorre justamente o oposto nas comunidades periféricas, superpovoadas, onde o sistema de saúde não é tão presente e, muitas vezes, a campanha de vacinação não chega com tanta facilidade.
Apesar das desigualdades sociais, o Sistema Único de Saúde teve papel de destaque na imunização contra a covid-19. Nesse quesito, o Brasil deixou para trás os Estados Unidos, onde há vacina de sobra, mas um contingente expressivo da população não aceita ser imunizado, nem mesmo com a Casa Branca oferecendo uma série de vantagens, inclusive dinheiro. Diante desse obstáculo, nos EUA, o fim de restrições tem sido tomado a partir da situação de cada estado, como ocorreu recentemente com Nova York.
No Brasil, pouca gente caiu nas mentiras sobre as vacinas que negacionistas espalharam em redes sociais. Até a sexta-feira, 72,4% dos brasileiros tinham completado o ciclo vacinal no país. Apenas entre os adultos, o percentual chegava a 96%. E era de 86,6% entre pessoas com 12 anos ou mais. É assim, com vacina e com toda a cautela necessária na retirada das restrições sanitárias, que o país conseguirá avançar na guerra ao coronavírus.
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