Guerra
Em estado de guerra, perdemos o fio da meada em matéria de humanidade. Nossa razão acaba de ser atropelada pelo obscurantismo violento. A democracia ainda não se fez completa como governabilidade social no mundo. A baixaria autoritária expressa somente a vontade de déspotas nada esclarecidos. O público-alvo da indústria bélica, longe de ser a cultura da paz, é o comércio de armas contra a vida. A destruição pela destruição, simplesmente. Em ruínas, o mundo se desmancha conforme o comando irado dos matadores em larga escala de massa. Elegemos lobo em pele de cordeiro. O campo das relações internacionais amarga mais uma derrota: o argumento diplomático cai diante do armamento impositivo. Sinceramente falando, as Forças Armadas são indústrias geradoras de holocaustos no mundo inteiro. Não há delicadeza e respeito no mundo dos canhões. A poética da diversidade, como diria o ensaísta francês Edouard Glissant (1928-2011), está perdendo de goleada para a egopolítica da colonização. Sobre esse estado de guerrilha insana, o Rappa foi certeiro em canção de cunho crítico — Paz sem voz é medo (1999). Não existe sossego de verdade. No campo minado promovido pelo clima de faroeste interminável, o escritor e antropólogo Paulo Lins, em Cidade de Deus (1997), resumiu muito bem o espírito de nossa época: "Falha a fala. Fala a bala". Não à toa, a principal mercadoria do capitalismo selvagem atende pelo nome de crueldade.
Marcos Fabrício Lopes da Silva,
Asa Norte
Futebol
É inaceitável os ocorridos ontem nos jogos de futebol. Bandidos jogaram uma bomba na Bahia. Outros meliantes jogaram rochas no ônibus do Grêmio atingindo trabalhadores e pais de família. No Paraná outros bandidos entraram em campo e promoveram uma verdadeira batalha campal. Todos bandidos travestidos de torcedores. Senhores deputados, chegou o momento de eliminar leis brandas que só privilegiam esses trágicos acontecimentos. Temos que fazer leis que qualifiquem estes episódios como guerra civil e trancafiar essa bandidagem retirando-os do convívio social. E jogar a chave para bem longe.
João Batista Rebés Trindade,
Águas claras
A conta virá
Engana-se quem imagina que o presidente Bolsonaro faz parte da turma do "deixa disso", para que o presidente russo, Vladimir Putin, desista dos seus planos hitleristas, lançados com a invasão da Ucrânia. Bolsonaro joga no time do quanto pior melhor; quanto mais mortes melhor — ele não é, de fato, coveiro. Ele é tão belicista quanto Putin. Prova disso, foram suas iniciativas para rasgar o Estatuto do Desarmamento. O autocrata russo, pela sua ganância desmedida, começa a ganhar outros rótulos como o de Adolf Putin, numa referência o nazista Adolf Hitler que, como ele, pretendia dominar o planeta, com o extermínio de todos os povos que não pertencessem ao grupo de arianos, segundo a sua mente de facínora. O lado escolhido por Bolsonaro — o de Putin — coloca o Brasil em rota de colisão com as nações mais desenvolvidas, que condenam com veemência a invasão russa na Ucrânia. Bolsonaro, ao contrário, solidarizou-se com Putin. Isso não ficará barato para o nosso país. A conta virá e pagaremos caro pelo erro histórico de eleger um despreparado capitão para comandar a nação.
Waldemar Moreira,
Octogonal
De volta à vida
Emocionante a reportagem "A retomada da vida depois da violência" (27/2, pág. 13). O texto permite que a gente quase visualize, como em um filme, a trajetória de sofrimento da personagem da matéria. Em trecho ela sofreu calada, devido ao medo e à vergonha que sentia se denunciasse à família e às autoridades o comportamento brutal do marido alcoólatra, um ser doente e detentor de uma índole desprezível. A meu ver, os órgãos públicos deveriam fazer campanhas intensivas em favor das mulheres e, ao mesmo tempo, de convencimento dos homens para que buscassem ajuda também. Ninguém pode aceitar como normal um homem espancar a companheira e seus filhos. A violência é a destruição da família e de qualquer relacionamento. Parabenizo as jornalistas que assinam a reportam pelo belo trabalho. Mostraram como sair de relação violenta e voltar à vida.
Maria do Carmo Santos,
Asa Sul