Erros históricos são aqueles que, por suas dimensões e efeitos negativos ao longo do tempo, ficam registrados para sempre, marcando seus personagens em episódios que obscurecem não só a imagem de seus autores como a do país que representam, prejudicando ambos indistintamente. A história da humanidade está repleta de exemplos, bastando ao interessado consultar os registros do passado.
No Brasil, alguns dos muitos erros históricos cometidos no passado nos conduziram para o que somos hoje como país e nação. Dos erros históricos mais significativos e que levaram a nos distanciar de países, como os Estados Unidos, colonizados no mesmo período, destacam-se a perpetuação do regime da escravidão, a manutenção dos latifúndios, a monocultura de produtos para a exportação e a exploração, além da depredação da colônia, exaurida e renegada a ser apenas uma economia complementar à metrópole.
Um erro histórico e contemporâneo imenso, capaz de empurrar todo o país para uma crise institucional que desembocaria na desventura do regime militar, foi a renúncia, até hoje mal explicada, do presidente Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961. Os efeitos deletérios desses cometimentos impensados marcam e afetam o país, o que mostra, com clareza, que nossas autoridades em todo o tempo e lugar, sempre desprezaram as lições do passado. Não é por outra razão que repetia o filósofo de Mondubim: "Quem não aprende com a história, está condenado a repeti-la".
Deixando de lado os muitos e repetidos erros históricos cometidos durante a década petista e que nos levaram à mais profunda brutal recessão que experimentamos, todos eles decorrentes de um misto entre má gestão e corrupção sistêmica, chama a atenção a recente visita feita pelo atual presidente Bolsonaro à Rússia. Não bastasse a presença do chefe do Executivo ao Kremlin, num momento absolutamente inoportuno, contrariando todas as recomendações de assessores que lidam profissionalmente e no dia a dia com as relações internacionais.
O presidente, sob o pretexto de que trataria de assuntos relativos ao fornecimento de insumos agrícolas, ainda cometeu o erro histórico de afirmar, com todas as letras e no plural: "Somos solidários à Rússia".
Com isso, falando em nome do Estado que representa, colocou todo o Brasil e sua população ao lado do fratricídio que vem sendo cometido pelo atual Napoleão de hospício, na figura do ditador russo. São não só uma vergonha para todos nós que fatos como esses tenham acontecido e registrados em vídeo para a posteridade, como continuem a ser confirmados pela tibieza de nossos representantes na Organização as Nações Unidas (ONU).
Errar historicamente é persistir no erro, quer por voluntarismo, quer por total falta de senso ou razão. Não satisfeito com essa gafe internacional, o chefe do Executivo, em pronunciamento durante essas costumeiras e patéticas lives, condenou o pronunciamento do seu vice-presidente, general Hamilton Mourão, que defendeu reprimenda dura às ações de Putin, se posicionando ao lado da soberania dos países e da democracia.
Os Estados Unidos e seus aliados deixaram entender que as nações que, agora, apoiam as atrocidades desse Napoleão de hospício russo ficarão marcadas como inimigas da democracia. Ir contra a corrente internacional, passou a ser, desde 2018, o que nosso país tem feito. Questões como o aquecimento global, a preservação do meio ambiente, a vacinação, entre outras, mostram que seguimos à deriva, sem um norte, guiados por um néscio.