Editorial

Visão do Correio: Putin deve ser execrado

O mundo não pode se render ao ditador Vladimir Putin, há quase 23 anos no poder na Rússia. As ameaças que ele vem fazendo de invasão à Ucrânia, devem ser rebatidas com toda a veemência. Não é possível que um excêntrico autoritário, sustentado por uma oligarquia corrupta, ponha as maiores economias do planeta de joelhos. É legítimo que governantes de bom senso, que prezam a democracia, sintam-se melindrados ante o risco de um conflito armado, mas eles não devem poupar medidas que sufoquem a economia russa. A população vai cobrar o preço das dificuldades às quais serão submetidas. Nem os mais ricos da Rússia esconderão o descontentamento.

Somente com as primeiras sanções impostas pelos Estados Unidos, pela União Europeia, pelo Japão e por outros países aliados, o rublo registrou ontem o menor nível em relação ao dólar em dois anos. Os custos médios dos empréstimos subiram 11% e os oligarcas russos, que costumam ancorar seus iates de luxo em praias europeias, perderam US$ 32 bilhões. É verdade que a Rússia está mais resistente para lidar com as sanções econômicas, contudo, um movimento mundial coordenado impondo restrições ao país terá um efeito muito pesado.

É importante ressaltar que, ao contrário de 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia e quase a totalidade da população russa apoiava as ações de Putin, agora, há uma divisão entre os cidadãos. Parte significativa deles acredita que a Ucrânia deve se manter como um país independente. Isso, mesmo com a mídia russa, totalmente controlada pelo Kremlin, e as fake news das redes sociais martelarem que os ucranianos pregam o genocídio da população que ocupa os territórios rebeldes de Donetsk e Luganski. Essas regiões de separatistas, na verdade, já estão sob controle da Rússia, basta apenas a anexação oficial, o que será um desastre, pois significará mais uma vitória do ditador que tira o sono das autoridades mundiais.

Os próximos dias serão cruciais, sobretudo para a Europa, que enfrenta a maior ameaça militar ao continente desde a Segunda Guerra. Se Putin insistir em seus movimentos autoritários e realmente invadir a Ucrânia, a resposta terá de ser a altura e definitiva. Hoje, sabe-se que apenas países sob o comando de regimes ditatoriais, como Venezuela, Nicarágua e China, apoiam as investidas do Kremlin. O Brasil, para desespero do Itamaraty, esboçou apoio à Rússia, com o presidente Jair Bolsonaro se dizendo solidário a àquele país. Felizmente, o representante brasileiro no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidos (ONU) repudiou uma eventual invasão da Ucrânia.

Todos os sinais de alerta estão ligados. Não há espaço para uma guerra que pode ter efeitos devastadores em todo o mundo. Os donos do poder devem insistir em uma saída pacífica para o conflito criado por Putin. A diplomacia ainda é o melhor caminho, com respeito ao direito internacional que a Rússia insiste em violar. Mas é preciso dar uma lição sem precedentes no ditador que manobrou para ficar no poder até 2036. Ele não pode sair impune, assim como seus asseclas. A população russa já é uma grande perdedora por ter permitido que sua democracia fosse destruída. Mas o planeta não pode arcar com mais essa fatura. Basta de ditadores.

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