» Sr. Redator

Reflexão

Minha reflexão hoje é espinhosa, mas imprescindível. A sugestão por dois insanos para a criação de um partido nazista no Brasil é algo ensandecido e estarrecedor. Mesmo considerando-me um empedernido humanista e democrata, não acho justo os judeus se apropriarem do Holocausto. Como declarou Leon Uris, famoso romancista judeu, "nós não tiramos a patente do sofrimento". Nunca vi uma estatística sobre os outros entes dizimados, como gays, trans, adversários políticos, deficientes, negros. Espero, em nome da verdade histórica e da racionalidade, que não venham os fundamentalistas sionistas me taxarem de antissemita. Ninguém se interessou, até hoje, em saber quantos foram. Nenhuma estatística, e isso tem importância histórica, relevante foi relegada e nunca explicada a omissão. Aguardo algum pesquisador isento e sedento da verdade se manifestar. Só faltam alguns débeis mentais me taxarem de antissemita.

Renato Vivacqua,

Asa Norte

Desmatamento e moradias

Não sei o que se passa pela cabeça dos governantes. Desmatar é sempre a opção mais fácil. Desmatar não significa desfazer o ato de matar, mas sinônimo de destruição do patrimônio natural, que leva à extinção dos espaços destinados aos animais, ao soterramento de nascentes e minas d'água. O desmatar é destruir parte do meio ambiente, como se pudéssemos viver sem os recursos naturais. A ambição política e a intenção de permanência em cargos ocasionais, o GDF vai eliminar quase 400 mil hectares de cerrado o que, orgulhosamente avisa, o equivalente a 554 campos de futebol, para criar 18 bairros no Distrito Federal, com capacidade para atender cerca de 62 mil pessoas. O deficit habitacional é realidade. Mas, com tanta tecnologia, com tantas áreas desmatadas, com potencial para a construção de unidades habitacionais verticais, seria mesmo necessário tamanha intervenção no cerrado, hoje tão destruído pela ganância do agronegócio irresponsável? Não tenho dúvidas de que, nos quadros da administração pública distrital, há valorosos técnicos com capacidade e até expertise para propor uma solução menos agressiva e menos impactante na vida humana e no patrimônio natural do que a anunciada.

Giovanna Gouveia,

Águas Claras

Insegurança

A sucessão de crimes bárbaros que tem ocorrido no Distrito Federal é assustadora. Exige das autoridades da segurança pública a revisão de estratégias para conter essa escalada infame de violência. Como pioneira nesta cidade, lembro-me dos tempos em que Brasília era uma cidade calma e acolhedora. Reconheço que o crescimento demográfico mudou o perfil da cidade e, como outra qualquer, é afetada pelo destempero humano. Mas isso não anula a demanda por mais segurança. A matança de mulheres, como noticiado nas última semanas, causa-nos pânico e afeta o nosso direito de ir e vir, pois tememos ser surpreendidas por um criminoso, um maníaco, que mata por matar. Não é preciso motivo para esses seres doentes. Não queremos uma cidade do medo, mas um Distrito Federal onde o medo não comprometa o nosso ir e vir com vida.

Jurema Alves,

Taguatinga

Mortes no Nilo

Era uma vez um país imenso, que ficava pra lá de Bagdá, e se chamava Egito. O faraó pomposo, mas de poucas letras, arrebanhou uns ministrinhos que eram terrivelmente contrários ao meio-ambiente. Com isso, veio uma praga de gafanhotos, também conhecidos como vírus, de nomes variados e exóticos: chicungunha, dengue, influenza, corona e um tal de ômicron. Fizeram serviço completo, dizimando a população, que se transformou em múmias. O barro do chão, com a praga da seca, virou areia grossa, que só servia para construir pirâmides, onde iam sendo sepultadas as múmias. Dois dos ministros do faraó — Herodes e Herodíades — viajavam de seca a meca para vigiar e punir quem buscasse vacinas para si e seus filhos. Em nome da 'saúde', eles cortavam o barato da imunização e incentivavam — com fé e orgulho — o uso de balinhas de cloroquina, misturada com outras baboseiras. Era farto o comércio dessas milagrosas fancarias, surgindo um universo paralelo de 'profissionais da saúde', aptos em atestados de óbito. A indústria prosperou com remédios usados na praga de piolhos, cujo resultado era transcrito em grossos livros, sob sigilo de uma centena de anos, todos carimbados com as letras CPI ou Caixas Para Incineração. Tais livros foram parar na biblioteca de Alexandria, que viria a ser destruída pelos ministros sinistros. Faraó convocou um mago de nome José da Anvisa, logo defenestrado por incentivar a vacinação como único recurso válido. As pirâmides ficaram superlotadas e os corpos das múmias passaram a ser jogados no Rio Nilo, onde eram abocanhados por jacarés, sem deixar rastros de sua existência. Rio esse que foi, muuuito tempo depois, recanalizado e expurgado, tornando-se um moderno canal para barcos e navios de alto luxo. A escritora Dona Agatha ficou famosa com seu livro sobre a maldição daquele rio, livro que vendia aos milhares e rendeu filmes de suspense. Ninguém jamais soube o que se havia passado no antigo país, pois a memória humana fraqueja perante o sofrimento e mortes tão remotas. Vamos ao cinema hoje? Tá passando Morte no Nilo de novo!

Thelma B. Oliveira,

Asa Norte