MÚSICA

Análise: Dominguinhos, sanfoneiro pop e um músico virtuoso

O acordeonista que iniciou a trajetória artística na adolescência, tocando em feiras de cidades do interior de Pernambuco, ainda jovem, foi morar no Rio de Janeiro, onde se reencontrou com Luiz Gonzaga, sua maior referência

Poucos são os que sabem quem foi José Domingos de Moraes, pernambucano, nascido em Garanhuns, cidade localizada na Serra da Borborema. Mas, certamente, raro é o brasileiro que não tomou conhecimento de Dominguinhos, músico virtuoso, melodista sofisticado, autor de incontáveis canções de sucesso, além de aplaudido cantor. Por todas essas virtudes, ele entrou para a história da música popular brasileira como um dos nomes mais relevantes.

A importância de Dominguinhos voltou a ser realçada no último final de semana, durante o 1º Fibra — Festival Instrumental Brasil, que ocorreu no Rio de Janeiro e em São Paulo —, no qual foi o grande homenageado. A obra do mestre do acordeon foi objeto de palestras e debates e pode ser apreciada pelo público em shows e concertos. Morto em 2013, se vivo estivesse, completaria 80 anos no próximo dia 12.

O acordeonista que iniciou a trajetória artística na adolescência, tocando em feiras de cidades do interior de Pernambuco, ainda jovem, foi morar no Rio de Janeiro, onde se reencontrou com Luiz Gonzaga, sua maior referência, a quem passou a acompanhar em boates e gafieiras cariocas. Anos depois, ele se juntou aos tropicalistas, compondo as bandas de Gal Costa e Gilberto Gil.

Ao lado de Gal cumpriu a turnê de Índia, show que, em 1974, o trouxe a Brasília pela primeira vez para apresentação no Teatro da Escola Parque. No ano seguinte, esteve com Gil em Refazenda, no ginásio de esportes do Colégio Marista. Antes de brilhar num solo instrumental, foi chamado pelo cantor e compositor baiano de "sanfoneiro pop".

Já em carreira solo, Dominguinhos passou a vir à capital com uma certa frequência para mostrar seu trabalho, em diferentes locais. À frente do projeto Asa Branca, fez show gratuito no Parque da Cidade; tocou em clubes e casas noturnas. Mas foi no Clube do Choro onde mais se apresentou. Certa vez, ao cumprir curta temporada naquela instituição, atendendo a um pedido que fiz, sem que fosse anunciado previamente, levou alegria aos conterrâneos nordestinos presentes numa tarde de sábado na Feira do Núcleo Bandeirante. O evento improvisado o emocionou bastante e, obviamente, serviu de conteúdo para matéria publicada no Correio, que obteve ótima repercussão.

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