Chamaram-me a atenção postagens nas redes sociais sobre o brutal assassinato do congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, no Rio de Janeiro. Tive a impressão de que só agora algumas pessoas descobriram que o Brasil é violentíssimo. Não é uma questão de o país estar violento, sempre foi. E um dos motivos para essa calamidade permanente é a impunidade, que tem morada fixa e intocável por aqui. E não venham me dizer que há justiça quando criminosos passam uns poucos anos na cadeia.
Somos um país em que a legislação "penal" é amplamente favorável aos bandidos. Há tantas benesses na lei, que nenhum condenado cumpre a totalidade da pena em regime fechado, independentemente da atrocidade que tenha cometido. Casos não faltam a corroborar isso. Estão aí Alexandre Nardoni, Anna Carolina Jatobá e Suzane Richthofen, só para citar alguns de grande repercussão nos últimos anos.
Moïse foi trucidado num país em que nem crianças e adolescentes escapam da barbárie cotidiana. Nesta semana, nos deparamos com mais uma monstruosidade. Em Goiás, um desgraçado estuprava rotineiramente as irmãs de 7, 8 e 10 anos e permitia que dois amigos dele também abusassem sexualmente delas. A menina mais velha chegou a ser retirada de casa pela avó porque estava muito machucada em decorrência da violência sexual. É daquelas crueldades de destruir a nossa alma, de chegarmos à conclusão de que a humanidade não tem recuperação. Os três prestaram depoimento à polícia e foram liberados! Este é o nosso Brasil.
Os covardes que lincharam Moïse e os que martirizaram essas crianças de Goiás — assim como tantos outros seres malignos abundantes por aqui — agem com a certeza da impunidade. Mesmo que presos e condenados, não tardarão a ganhar a liberdade novamente.
Crimes hediondos, principalmente contra crianças e adolescentes, deveriam ser punidos com prisão perpétua. Quem é capaz de tamanha selvageria jamais deveria ser reintegrado à sociedade, tinha de ficar enjaulado pelo resto da vida. Infelizmente, a Constituição proíbe penas de caráter perpétuo. Deveríamos rever esse ponto da Carta Magna. Para o bem de toda a população.