Em uma era que o engajamento assume peso crucial diante de uma sociedade hiperconectada, o poder de alçar personas a posições de destaque encontra-se a um toque de distância. Literalmente. Nos últimos anos, essa possibilidade deixou de se centralizar nas mãos dos oligopólios midiáticos — os quais, diga-se de passagem, ainda têm responsabilidade considerável sobre esse processo — para se espraiar e ficar ao alcance de quase todos.
As ferramentas digitais de que dispomos caminharam de mãos dadas com as melhores e piores possibilidades. Enquanto plataformas permitem alçar figuras que têm a contribuir com a coletividade nas mais variadas searas, com discursos que promovem necessárias reflexões sobre privilégios, preconceitos e invisibilidade, os avanços tecnológicos cobram preços. Um deles envolve o acompanhamento da disseminação de inverdades e a propagação de evidentes discursos de ódio disfarçados sob o manto do exercício do direito à liberdade de expressão.
Nesse segundo caso, os parâmetros para distinguir um do outro não mudaram. Apologia ao nazismo, por exemplo, configura um delito há décadas no Brasil. No entanto, entre alguns grupos, convencionou-se transformar falas com esse teor em "opinião". De quebra, condenar a discriminação contra grupos sociais bastante específicos ganhou a alcunha de "censura".
Ao passo que algumas mídias sociais não falham ao restringir rapidamente conteúdos educativos ou mesmo de denúncias — os quais, por vezes, exigem uso de palavras-chave camufladas entre números e caracteres especiais para permanecer no ar —, a desinformação, passível de ser desmentida por uma busca na internet igualmente célere, espalha-se desimpedida e voraz.
Portanto, ao mesmo tempo em que se tem a possibilidade de dar a voz e o espaço necessários a tantas figuras marginalizadas com pertinentes relatos a compartilhar, surge a necessidade de definir limites legais a esses sistemas, de modo a não permitir brechas para a prática de crimes previstos na legislação brasileira.
Até lá, contudo, negacionistas, defensores de ditaduras e simpatizantes de governos autoritários têm saído na dianteira, uma vez que ganham evidência — inclusive, graças a críticas — com o compartilhamento de absurdos. Nessas oportunidades, não repassar e reportar as publicações ajuda a evitar que esse tipo de conteúdo acumule visibilidade. Afinal, a última coisa de que o país carece neste momento são mais ineptos promovidos a posições de notoriedade.
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