Os impactos das ações nefastas de negacionistas e de movimentos antivacina foram, mais uma vez, comprovados em números. Pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), divulgada na semana passada, mostrou que 59% dessas localidades enfrentam resistência da população à imunização de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19.
A relutância é provocada pelas notícias falsas. Sabotadores das vacinas, com ampla atuação nas redes sociais, manipulam dados e colocam em dúvida a segurança e a eficácia delas para incutir medo. Por isso, a lentidão da cobertura vacinal de crianças. De acordo com a Fiocruz, até 14 de fevereiro, a imunização nessa faixa etária estava em 21%.
A instituição enfatizou a necessidade de gestores públicos nas esferas federal, estaduais e municipais esclarecerem a população sobre a efetividade e a segurança das vacinas. E aí temos um obstáculo gigantesco, já que partem das principais autoridades — em especial o presidente da República — os maiores ataques aos imunizantes, as tentativas de demover pais ou responsáveis de levarem as crianças para receber as doses.
Agências reguladoras de vários países, inclusive dos Estados Unidos e da Europa, atestam a segurança das vacinas. Aqui no Brasil, a Anvisa também deu seu aval. E no último dia 16, em audiência pública no Senado, o diretor-presidente do órgão, Antônio Barra Torres, frisou não haver registro de morte de criança nessa faixa etária em decorrência da aplicação das doses. Ele também disse que a miocardite — tão pontuada pelos divulgadores de fake news — é muito mais frequente na covid-19 do que no uso de imunizantes. "Entretanto, esse dado não é falado, e coloca-se a miocardite como grande problema de quem é submetido à vacina", criticou.
Ter acesso à proteção contra a doença é um direito do público infantil. O artigo 14, parágrafo 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, não deixa dúvidas: "É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias".
O trabalho para conter a ação de negacionistas e dos antivacina mostra-se hercúleo, mas imprescindível, porque a desinformação e as teorias conspiratórias podem custar a saúde e até a vida dos mais vulneráveis.
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