Editorial

Visão do Correio: Combate ao câncer infantojuvenil

O Inca estima 8.460 novos casos de câncer infantojuvenil no Brasil para cada ano do triênio 2020/2022, sendo 4.310 em homens e 4.150 em mulheres

Correio Braziliense
postado em 11/02/2022 06:00

Diagnóstico precoce é fundamental no tratamento e nas chances de sucesso em uma doença. No caso do câncer infantojuvenil, perceber os sinais e sintomas em crianças e jovens para agir rapidamente reduz o impacto do tumor na qualidade de vida deles e aumenta a possibilidade de cura. Isso porque a neoplasia é a doença que mais mata crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Responde por cerca de 8% das mortes infantis.

O Inca estima 8.460 novos casos de câncer infantojuvenil no Brasil para cada ano do triênio 2020/2022, sendo 4.310 em homens e 4.150 em mulheres. Nas últimas décadas, o avanço no tratamento da doença aumentou em mais de 84% a chance de sobrevida por mais de cinco anos. Em muitos casos, e dependendo do tipo de tumor, a cura atinge até 80% dos pacientes.

No mundo, são estimados 215 mil novos casos por ano em crianças menores de 15 anos e cerca de 85 mil em adolescentes entre 15 e 19 anos, segundo dados da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer.

Para conscientizar sobre a doença, a Childhool Cancer International (CCI) criou em 2002 o Dia Mundial de Combate ao Câncer Infantojuvenil: 15 de fevereiro. Apesar dessa data específica, a campanha ocorre durante todo o ano em nível global para divulgar informações sobre o câncer que acomete essa faixa etária e a importância do diagnóstico precoce e início imediato do tratamento para aumentar as chances de cura.

Os tipos de câncer mais comuns em crianças e adolescentes são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas. Mas outros cânceres ocorrem com frequência nessa faixa etária, como o neuroblastoma (de células do sistema nervoso periférico), o tumor de Wilms (renal), a retinoblastoma (que atinge a retina) — que acometeu Lua, filha do apresentador Tiago Leifert —, o tumor germinativo (das células que originam os ovários e os testículos), a osteossarcoma (nos ossos) e os sarcomas (nas partes moles).

Pais e responsáveis devem ficar atentos à saúde geral das crianças e dos adolescentes e observar qualquer alteração ou queixa que elas apresentam. Levar os filhos periodicamente ao médico e fazer exames de rotina são parte do acompanhamento que não pode ser deixado de lado.

Alguns sinais que merecem ser investigados são caroços ou inchaços em qualquer parte do corpo, especialmente se forem indolores, sem febre ou sinais de infecção, hematomas ou sangramentos sem razão aparente, inchaço abdominal, alterações nos olhos, como pupila branca ou estrabismo repentino, febre, tosse persistente ou falta de ar, perda de peso repentina e inexplicada, fadiga e dores de cabeça, entre outros.

Se a criança apresentar uma queixa persistente, deve-se levar ao médico para investigação. Caso seja diagnosticado um câncer, ela será encaminhada para um centro oncológico para avaliação e definição do tratamento. É importante o papel da família no suporte emocional durante essa jornada para que a criança e o adolescente se sintam seguros e acolhidos. Nesse momento difícil, ajuda profissional, inclusive psicológica, deve ser oferecida para que os familiares e os pacientes possam seguir nessa batalha que costuma durar anos.

Também é fundamental que campanhas como o Dia Mundial de Combate ao Câncer Infantojuvenil sejam divulgadas, porque só com informação é possível ter um olhar diferente e atenção aos sinais e sintomas que podem levar ao diagnóstico precoce e tratamento imediato.

O câncer infantil é considerado um problema de saúde pública, haja vista que é a principal causa de mortes de crianças. No entanto, apresenta elevado índice de cura quando diagnosticado precocemente. Por isso, é essencial criar políticas públicas de saúde no Brasil para assegurar às crianças e adolescentes atendimento, os melhores tratamentos e acesso a medicamentos, bem como acolher e oferecer suporte aos pacientes e seus familiares antes, durante e depois do tratamento.

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