ARTIGO

Os benefícios da jornada integrada no tratamento do câncer

"Como médico, vejo que é imprescindível a adoção de um novo sistema, que tenha o paciente como centro do cuidado e que promova uma gestão integrada da saúde de cada indivíduo"

Paulo Chapchap* - conselheiro estratégico do Negócio de Hospitais e Oncologia da Dasa
postado em 05/02/2022 11:36 / atualizado em 05/02/2022 11:36
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

O câncer é a segunda maior causa de mortes não-violentas no Brasil, logo depois das patologias cardiovasculares. Todos os anos, mais de 230 mil brasileiros perdem a vida para a doença, segundo o Inca. A ciência vem trabalhando para reverter esses números. Novos medicamentos e tratamentos, como a imunoterapia, têm ajudado os profissionais de saúde a oferecer melhor prognóstico para seus pacientes.

O papel dos prestadores de serviços de saúde também é muito importante para melhorar esse cenário. Hoje, a maior parte das unidades diagnósticas, clínicas e hospitais atuam em um modelo pulverizado, centrado nas doenças, procurando a cura quando elas já estão avançadas. Isso aumenta a demanda de exames, consultas e internações, tanto no sistema público, quanto no privado, e nem sempre significa o melhor tratamento para os pacientes.

Como médico, vejo que é imprescindível a adoção de um novo sistema, que tenha o paciente como centro do cuidado e que promova uma gestão integrada da saúde de cada indivíduo. O bem-estar do paciente e a promoção de hábitos saudáveis são o ponto de partida para falarmos de algo que é o futuro da medicina, a prevenção.

Mesmo com a adoção de um estilo de vida saudável, nem sempre é possível evitar a doença. Quando se fala em câncer, por exemplo, há fatores que vão além do comportamento, como os genéticos. E por isso esse novo modelo de saúde precisa ser também preditivo, baseado no perfil de risco de cada indivíduo e das suas famílias.

Exames de rastreio e inteligência de dados são importantes ferramentas para prever doenças. Com isso, podemos pensar em estratégias personalizadas de prevenção ou, até mais comumente, de diagnóstico precoce. Para a oncologia, a descoberta de um tumor em estágio inicial diminui os efeitos colaterais do tratamento e aumenta exponencialmente a chance de cura.

Essa nova forma de gestão tem como premissa o cuidado integrado do paciente em toda a sua jornada – da saúde primária, diagnóstico, tratamento, até o acompanhamento. Isso traz agilidade, algo fundamental em muitos campos da medicina, em especial na oncologia. É possível reduzir significativamente o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento de um câncer, o que é crucial para um bom desfecho clínico.

Para essa mudança de paradigma na forma de se trabalhar com saúde, é preciso investimentos em pessoas e em tecnologia. Equipamentos sofisticados e Inteligência Artificial são algumas das ferramentas para ajudar médicos e outros profissionais de saúde nas tomadas de decisão. Para completar, precisamos estar capacitados para usar essas tecnologias da melhor forma possível, mantendo o atendimento humanizado. Tudo isso é o que vai nos permitir oferecer serviços cada vez mais acolhedores e com resultados positivos para a saúde de cada pessoa.

Sobre o autor


Paulo Chapchap* é médico formado pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Clínica Cirúrgica, também pela USP. Foi Research Fellow e Visiting Assistant Professor in liver transplantation pela Universidade de Pittsburgh (1986 e 1987), membro do Conselho da International Liver Transplantation Society (2007 a 2011) e por 24 anos atuou no Hospital Sírio-Libanês, ocupando por cinco anos o cargo de diretor-geral da instituição.
Atualmente é conselheiro estratégico do Negócio de Hospitais e Oncologia da Dasa, presidente do Conselho de Administração do Instituto Todos pela Saúde e conselheiro do Instituto Phaneros.

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