Até as próximas eleições, o Brasil e o mundo vão presenciar e sentir os efeitos dos acontecimentos que, por hora, são delineados no horizonte. Há um longo percurso a ser vencido até 2 de outubro, tanto no ambiente interno quanto no resto do planeta. Não adianta fechar os olhos para os fatos que se materializam diante de nós. A possibilidade de eclosão de uma guerra entre a Aliança Militar do Ocidente, representada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e a Rússia, que ameaça invadir a vizinha Ucrânia, põe o mundo em sobressalto, desviando a atenção e as preocupações da humanidade para um conflito que tem tudo para incendiar o resto do planeta, com consequências que, certamente, afetarão o Brasil e todo o continente sul-americano.
Centenas de milhares de soldados, de ambos os lados, posicionados naquelas fronteiras e a grande concentração de armas naquele cenário de pré-guerra parecem confirmar que, mais uma vez, estamos diante de um conflito de grandes proporções, que ameaça se alastrar pelo resto do mundo.
Diante desses jogos de guerra, onde as indústrias de armamentos, em aliança com as forças militares, dão as cartas, pouco espaço resta para a racionalidade. Em vista de um cenário dessa natureza, onde as incertezas e a morte prematura da verdade são evidências certas, as eleições gerais no Brasil perdem muito de sua importância, podendo todo o pleito deste ano ser obscurecido por questões mais prementes.
Por outro lado, a possibilidade de um conflito dessas proporções, somado ao avanço espetacular de mais uma variante da covid-19, em que os índices de mortalidade podem atingir picos extremos, dentro e fora do país, sinaliza para grandes e perturbadores acontecimentos. Obviamente que os oportunistas, sempre de plantão e prontos para tirarem proveitos desses fatos, aproveitarão o momento de distração e apreensão geral para fazer passar projetos de interesses flagrantemente contrários ao bom senso e à ética. Nesse caso, podem ser incluídos aqui as propostas que acenam para a volta dos cassinos ao país, conforme tem prometido e se empenhado pessoalmente o próprio presidente da Câmara dos Deputados.
Pode ser que em meio aos obuses (projéteis de forma cilindro-ogival) e às fumaças do tiroteio que ocorreria lá fora, tal proposta — que benefício algum trará aos homens de bem deste país — passe sem ser vista. Na torcida pelo retorno ao inferno dos cassinos, estão os próceres do crime organizado, que encontrarão na atividade uma espécie de banco oficial onde lavar os rendimentos de seus crimes.
Também a bancada do jogo, que por hora se organiza do Legislativo, empenhada nessa cruzada de morte, vislumbra nessa aprovação apenas ganhos imediatos e financeiros, pouco ou nada preocupadas com o dia seguinte a essa aprovação.
Surpreende que em tempos tão adversos como estes que agora vivemos, quando a classe política deveria estar buscando caminhos seguros para preservar algum futuro digno para as próximas gerações, ela esteja empenhada na aprovação de jogos de azar, para o enriquecimento de clãs do crime.
A população que mal encontra dinheiro para se alimentar, por certo, não tem recursos para ser lançados nas mesas de bacarat ou de roletas. A nossa guerra é contra o crime e a violência que consomem o país. Dar mais munição para essas forças do mal é apostar no aumento de mortos. Tomem tenência, suas excelências, uma vez que vergonha parece não mais fazer efeito sobre vós.
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.