Ao mesmo tempo em que o país enfrenta uma impressionante explosão de casos de ômicron, surgem sinais de arrefecimento na propagação da variante em pelo menos duas metrópoles, São Paulo e Rio de Janeiro, e em um estado, Ceará. A capital paulista foi a primeira a sofrer com uma avassaladora onda de contágios. Em 10 de janeiro, amargou recorde diário de mais de 10,5 mil infecções e média móvel de cerca de 7,5 mil — as maiores taxas de toda a pandemia. Agora, os sinais são de alívio. Do dia 13 para a última semana, a média de diagnósticos positivos retrocedeu à metade: de 8 mil para 4 mil. E segue em queda, indicando a possibilidade de a cidade já ter ultrapassado o platô de infecções.
Quanto à capital fluminense, também existe a expectativa de o município ter passado pelo pico de casos. Depois de ser fortemente atingida por uma avalanche de ômicron no início do mês, houve queda de 45% nos registros de síndrome gripal identificados nas duas últimas semanas, após a confirmação de 281.558 casos entre 9 e 15 de janeiro, o maior total semanal da pandemia. A prefeitura, que acompanha os dados com cautela, também constatou declínio em outros indicadores, como redução semelhante no número de novos atendimentos diários nas unidades de saúde e diminuição na procura dos moradores pelos centros de testagem.
No Ceará, embora ressalve que os números ainda permanecem altos, o governo local acredita que o pior já passou. Neste momento, a avaliação é que o cenário da pandemia apresenta tendência de queda no estado. Na sexta-feira, a Secretaria de Saúde anunciou três indicadores de gravidade da crise epidemiológica que confirmariam o otimismo: 1) Diminuição da positividade de exames realizados; 2) Redução no número de casos diários; e 3) Queda na demanda por atendimento de síndromes gripais nas unidades de saúde.
Em Belo Horizonte e no Distrito Federal, na última semana, foram registradas quedas consecutivas na taxa de transmissão da covid-19. Nas duas capitais, há a expectativa de alcançar o platô nas próximas semanas. Mas, por enquanto, a realidade é que tanto o número de casos quanto o de internações ainda continua entre os mais altos do país.
Assim, como no Brasil, a ansiedade para superar a avassaladora onda de ômicron é grande. Começou com o anúncio da África do Sul de que as infecções pela variante tinham sido deixadas para trás. E ganhou força depois de o Reino Unido anunciar o fim da maioria das medidas restritivas contra a covid, após sucumbir a uma explosão de casos da doença.
Dirigentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) acreditam que a rápida disseminação da ômicron deve levar a Europa a alcançar uma espécie de imunidade geral por algumas semanas ou meses. Entre os cientistas, porém, não há consenso. A tendência, preveem alguns, é que a covid-19 se transforme numa doença endêmica, como a gripe. Outros discordam. Dizem que o vírus já surpreendeu tanto que se torna impossível saber como se comportará nos próximos dias, meses ou anos. Na dúvida, vacine-se, use máscara e mantenha distância desse vírus traiçoeiro.