É inquestionável que a crise sanitária surpreendeu o mundo. Desestabilizou a economia, impôs perdas inimagináveis aos países, agravou as questões sociais e modificou radicalmente a rotina de empresas e de instituições públicas e privadas. No Brasil, como em outros países, a falta de infraestrutura para dar respostas rápidas ao inesperado agravou os danos.
Na educação, isso ficou muito nítido e mostrou a precariedade da rede pública, sem acesso à internet, sem espaços adequados para garantir a segurança sanitária dos alunos, entre muitos outros percalços. O prejuízo é incalculável. A tragédia se repetiu em 2021. Os improvisos foram insuficientes para amenizar os estragos de 2020.
A vacinação avançou entre adultos e jovens e, com muita dificuldade, só agora chegou às crianças. Esperava-se que, neste ano, o ambiente sanitário fosse controlado e, finalmente, a volta às aulas ocorresse plenamente. Eis que aparece a ômicron. O bom senso recomendou um passo atrás.
Porém, tão agressivos quanto o novo coronavírus e suas variantes foram os cortes no Orçamento da educação. Em três anos, ficou claro o descompromisso do poder público com o setor. A esperança de que 2022 seria diferente não passou de vã expectativa. O Orçamento do Ministério da Educação sofreu um corte de R$ 736,3 milhões, que afeta diretamente a educação básica (ensinos infantil, fundamental e médio), com uma perda de R$ 402 milhões. O que era prioridade na campanha eleitoral de 2018 deixou de ser até acessório.
Uma série de decisões atabalhoadas, desconectadas das reais necessidades de estados e municípios e, principalmente, da população estudantil, além de ameaças e crises forjadas com universidades federais, indicou que o objetivo era o desmonte de todos e quaisquer avanços, por mais irrisórios que tenham ocorrido na educação em administrações passadas.
Mas não se pode negar a coerência do poder público. Em todas os setores essenciais, os atuais gestores mantêm-se firmes em trafegar na via contrária à do desenvolvimento de uma nação, que só pode ser alcançado por meio da educação. Mas para que tantas escolas? Por que reduzir o analfabetismo? Para que mais jovens nas universidades? As respostas estão dadas quando constata-se que há R$ 4,9 bilhões para o Fundo Eleitoral e cortes nas verbas de infraestrutura das escolas (R$ 55 milhões) e transporte escolar (R$ 22 milhões). Estamos de volta ao passado.