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Metaverso: o meteoro que vai abalroar o mundo dos negócios?

CÉSAR SOUZA - Presidente do Grupo Empreenda

A notícia de que a varejista sueca H&M, especializada em vestuário, lançou de forma pioneira a tecnologia metaverso, no finalzinho de 2021, arrepiou muitos líderes empresariais de diversos segmentos na virada do ano. Fato notável, a H&M conseguiu antecipar-se e saiu na frente de marcas mais conhecidas globalmente, como Adidas e Nike, que já se preparavam, havia anos, para oferecer essa inusitada experiência de compra para seus fiéis clientes ao redor do mundo.

Quem estava pagando pra ver se o metaverso (também conhecido como Web 3.0) se tornaria realidade em tão pouco tempo se surpreendeu com a iniciativa, coragem e o pioneirismo da H&M. Essa nova tecnologia permite que os clientes tenham experiência de compra tridimensional em uma loja virtual. Praticamente, com a mesma naturalidade de quem está na loja física, os clientes poderão "caminhar" na loja, escolher o produto que desejam, experimentar os produtos que escolheram e efetuar a compra no universo Ceek City, desenhado especificamente para tornar a operação virtual uma experiência de compra bem próxima da realidade de quem vai ao shopping center.

Os varejistas que ainda estão engatinhando na montagem de um e-commerce tradicional para vender seus produtos precisam começar a correr, e bem rápido. Na verdade, têm de pensar em dar um salto quântico em direção a um marketplace acoplado ao metaverso, na hipótese de essa nova tecnologia se provar viável e user friendly. Todos nós sabemos que o Second Life também causou um furor quando lançado, mas não emplacou como esperado, e quem não seguiu aquela tendência não sofreu nenhuma consequência.

Mas, desta vez, não apenas o segmento varejista poderá ser impactado, repetindo, se essa nova tecnologia vingar e mudar rapidamente a forma de como o cliente poderá se relacionar com o shopper num futuro próximo. Certamente, a atividade hoteleira, o mercado imobiliário, os negócios de educação, saúde, montagem industrial, lazer, entretenimento, enfim, vários setores da atividade econômica e social do mundo inteiro serão afetados de forma contundente pelo metaverso.

A metáfora que me ocorre neste momento em que escrevo este artigo é que o metaverso seria um meteoro comparável ao cometa descrito no filme do momento, Não olhe para cima, que abalroaria o nosso planeta em exatos seis meses e 14 dias. Ao longo do filme, muitos negam o fato, outros desdenham e alguns poucos se preocupam de fato com a previsão feita por renomados cientistas e tecnólogos. Importante que cada líder empresarial ligue o despertador e analise o real impacto no futuro do negócio e no possível prazo de validade da empresa caso o meteoro do metaverso se comprove verdadeiro. Mesmo as sofisticadas e herméticas empresas de tecnologia podem ter algumas das suas soluções destruídas da noite para o dia.

Para mim, tem sido inevitável outra comparação: a tridimensionalidade do metaverso me faz lembrar da revolução que deu origem ao Renascimento, em meados do século 15, quando o mindset bidimensional das pinturas góticas da Idade Média foi substituído pelos traços tridimensionais, e a noção de perspectiva geométrica deu outra vida às pinturas de artistas como Giotto e Cimabue, inspiradoras da obra de Verrocchio, Da Vinci, Michelangelo e de tantos outros gênios da época, como podemos observar na bela cidade de Florença, na Itália, berço daquela nova era na história da humanidade. Sempre penso naquela região como uma espécie de Vale do Silício da época.

A pergunta que me ocorre é: será que estamos diante de uma espécie de Renascimento tecnológico? Será que, quanto mais sofisticada for a tecnologia, maior será a necessidade do contato humano? Será que os tradicionais Pontos de Venda (PDVs) serão substituídos por Pontos de Experiência (PDEs)? Quem viver — e olhar para cima, para baixo e para os lados — verá.