Fatos ruins
Leitor reclama da publicação de fatos "desagradáveis", que retratam a dura realidade atual. Covid, desabamentos, inundações, fome, corrupção, desemprego galopante. Uai, há crônicas magníficas do Severino, há coluna social, há notícias sobre cinema e a Netflix. Ele pode mergulhar no país de faz-de-conta e assistir à Turma da Mônica. Ou as "lives" presidenciais, que procuram mostrar que não há só o lado B das notícias e que nem tudo é assim tão grave. Apegue-se às fake news, e o mundo voltará a sorrir!
Thelma B. Oliveira,
Asa Norte
O inferno do igual
Em discurso bastante infeliz e preconceituoso, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, se equivocou ao falar que as crianças com deficiência atrapalham o aprendizado das outras. Há muito tempo, era comum separar os alunos conforme a velocidade de aprendizado. Apesar de um bom resultado no curto prazo para os acelerados, no longo prazo, isso traz muitos prejuízos, porque educação não é simplesmente o adestramento das pessoas ou o fornecimento de conhecimentos ou um treinamento, mas vai além: é a formação de um ser humano. Um dos grandes problemas da nossa sociedade e da nossa educação é o apartheid social, que a nossa educação reproduz e agrava. A ética está justamente em você valorizar as pessoas pelo que fazem e não desvalorizá-las pelo que são. Escola precisa ser o lugar do aprendizado da diferença. "Só o ser-tocado pelo outro mantém a vida viva. Caso contrário, ela permanece presa no inferno do igual", alerta o sociólogo sul-coreano Byung-Chul Han, em Sociedade paliativa (2021). A escola deve emancipar. A educação deve dar asas. Pés no chão, nós já os temos. Para superarmos o "vácuo educacional" que nos assola, devemos considerar que aprender é colocar a racionalidade lúcida dos ensinamentos a serviço da afetividade lúdica dos encantamentos. Um ser humano íntegro, seguro, confiante e feliz deve ser o objetivo maior de todo e qualquer processo de realização educacional.
Marcos Fabrício Lopes da Silva,
Asa Norte
CPI da Covid 2
Senadores pretendem instalar a CPI da Covid 2. Ora! É abundante o número de episódios que justifica muitas CPIs contra o governo Bolsonaro, mundialmente, reconhecido como tão letal quanto a epidemia. Ocorre que todos os esforços de parlamentares vão esbarrar na blindagem ao Planalto, garantida pelo procurador da República, Augusto Aras. Mas a iniciativa se faz mais do que necessária para tornar claro à sociedade o quanto um governo de extrema direita é nocivo, maléfico, só tem ações negativas e deseja o mal-estar de todos os cidadãos. Se as investigações não levam a punições severas pelo Código Penal dos autores de malfeitos, pelo menos serve para abrir os olhos do povão (vacinar), principalmente em ano eleitoral. É uma chance imperdível de interromper a carreira política de governantes e parlamentares do mal.
Giovanna Gouveia,
Águas Claras
Covid em alta
A manchete do Correio (13/1) não deixa dúvidas sobre o avanço da covid, cuja taxa de transmissibilidade se elevou a 2,11. Diante do pânico, os governantes apelam à população e proíbem festas. Faltam reagentes para o teste de covid, restringem-no a casos graves, aumenta o número de funcionários em licença médica, voos são cancelados por falta de tripulação, licenciada para tratar da covid e não para proteção sanitária dos passageiros, e navios de cruzeiros turísticos fechados... Agora, vem o governo local colocar tranca na porta arrombada, com a decretação de medidas restritivas a shows e eventos que provoquem aglomerações. Festas, aglomerações? Ora, ora, só agora fazem isso? É muita hipocrisia. Antes, promoveram aglomerações com uso de dinheiro público como na decoração luminosa da Esplanada, coisa totalmente dispensável em tempos de pandemia. Em entrevista coletiva, ainda disse: "Que todos façam sua parte, para que possamos diminuir esses índices de transmissão e voltar à normalidade". É muito cinismo jogar toda a culpa no povão. Parece ser tudo orquestrado. Por que só agora os governantes tomaram tais medidas restritivas? Antes, o senhor governador vinha à tevê falar que a economia não pode parar e que teremos 20% ou 30% de aumento no comércio, gerando empregos no Natal e no ano novo. Estamos mal. Aqui, um empresário governa e, no âmbito federal, o desestímulo às medidas sanitárias contra a pandemia. Em ambos os casos parece prevalecer unicamente o fator econômico, e que se dane a população. Colocar a tranca antes do arrombamento da porta é melhor do que medidas paliativas de curto e breve efeito. A Justiça deveria penalizar governantes que eventual ou propositalmente descuidam da proteção sanitária dos cidadãos, ou ganhem dinheiro com a morte deles. Espero e desejo uma manchete em letras de página inteira neste jornal: "Justiça condena governantes e empresários que incentivaram aglomerações a pagarem as despesas com hospitais, necrotérios e cemitérios". Será que o lucro deles com as vendas no Natal e no ano novo cobririam tais despesas? Pobre país! Vã ilusão, manchetes só de desgraça. Na mesma edição, o Correio noticia que Boris Johnson poderá perder o cargo porque esteve presente, por 25 minutos apenas, em festa nos jardins da sede do governo, onde funcionários se congraçavam em período de pandemia. Ah! Isso é noutro país. Por aqui, toleramos negacionismos e cinismos e que se dane a população, desde que os empresários estejam faturando...
Paulo Silva,
Asa Sul