VISÃO DO CORREIO

Testagem e prevenção são essenciais

Os especialistas já tinham feito o alerta antes: era necessário manter as medidas de proteção nas festas de fim de ano para evitar novas ondas de contaminação pela covid-19. Os primeiros dias de janeiro comprovam a preocupação dos profissionais da área de saúde no Brasil, com o aumento de casos de covid-19 principalmente pela variante ômicron.

Até quarta-feira, o sistema de informações do Ministério da Saúde contabilizava 22.323.837 casos acumulados. Ainda há 116.118 casos em acompanhamento, de pessoas que tiveram o quadro de covid-19 confirmado. O número de mortes pelo coronavírus ultrapassou 620 mil no Brasil.

Minas Gerais, por exemplo, registrou aumento de 1.052% no número de casos de covid-19 adicionados a cada 24 horas em 10 dias até 5 de janeiro, e o índice continua em elevação. A explosão de casos é consequência do relaxamento das medidas de proteção, potencializado nas comemorações em reuniões fechadas de Natal e ano-novo e do potencial altamente contagioso da nova variante.

Junto ao recrudescimento da pandemia, o país também vem registrando elevação de diagnóstico do vírus da gripe, o H3N2. Os dois vírus estão circulando ao mesmo tempo no país, com pessoas contaminadas simultaneamente pelo coronavírus e pela Influenza. Com sintomas muito parecidos entre eles, como tosse, espirros, dor no corpo, febre, as pessoas têm recorrido aos postos e hospitais em busca de atendimento e exames, pressionando o sistema público de saúde.

A contaminação por covid-19 e gripe (pela cepa do subtipo A, batizada de Darwin) de forma simultânea em uma mesma pessoa tem sido chamada de "flurona" e teve casos confirmados em nove estados brasileiros, entre eles Minas Gerais, e no Distrito Federal. Como são dois vírus altamente transmissíveis e contaminam da mesma forma, é importante buscar a vacina para se proteger. Mesmo a ômicron tendo uma baixa letalidade, assim como a gripe, as duas doenças podem evoluir para casos mais graves, comprometendo o sistema respiratório, e levar a óbito.

É importante fazer a testagem aos primeiros sintomas para descartar a Influenza ou a covid-19 e, em ambos os casos, se confirmada a contaminação, é fundamental a quarentena para evitar a disseminação dos vírus e iniciar o tratamento. O problema é que o Brasil não tem uma política de testagem em massa. Especialistas defendem a criação pelo governo de programas de testes, mesmo com a maior parte da população já vacinada, para ajudar na prevenção e reduzir a cadeia de transmissão do coronavírus. Depois do apelo feito por 2 mil prefeitos no país, o Ministério da Saúde se comprometeu a enviar aos municípios remessas de 30 milhões de testes até o fim deste mês.

Além da testagem, os cuidados para evitar o contágio e a transmissão da gripe são os mesmos usados na prevenção da covid-19. Além do distanciamento social, o uso de máscaras, higiene das mãos, evitar o compartilhamento de copos e talheres, e a vacinação. Manter o calendário vacinal em dia é fundamental para evitar a livre circulação dos vírus. No caso das crianças de 5 a 11 anos, a imunização enfim foi liberada depois do imbróglio inicial provocado pelo governo, e elas vão começar a receber as doses nos próximos dias.

Graças à imunização de rebanho por conta da vacinação, com o esquema vacinal completo para quase 70% da população brasileira, a tendência é de que os casos de coronavírus ainda continuem em ascensão, mas de forma mais branda e com menor índice de mortes. Mas é essencial manter a vacinação em dia, inclusive a da gripe, e continuar os cuidados de prevenção para frear a circulação dos dois vírus pelo país e manter os números dentro de uma estabilidade até o controle total da pandemia no país.