Opinião

Cida Barbosa: Contaminados por fake news

Cida Barbosa
postado em 20/01/2022 06:00

É angustiante a situação de crianças cujos pais ou responsáveis se deixaram contaminar por fake news sobre a vacina pediátrica contra a covid-19. No momento em que o Brasil — com muito atraso — começa a imunizar o público de 5 a 11 anos, elas são privadas das doses que as protegeriam da ação do vírus.

Os sabotadores das vacinas aproveitam o terreno fértil, principalmente do WhatsApp, para disseminar o medo. Colocam em dúvida a segurança e a eficácia dos imunizantes, manipulam dados e lançam mão de notícias falsas para tentar demover pais ou responsáveis de levarem as crianças para receber as doses.

As fake news influenciam de tal forma que até pessoas tidas como esclarecidas acabam se deixando enganar. Mesmo confrontadas com todas as evidências científicas, com o aval de especialistas do Brasil e do mundo à vacina infantil, manterão suas crianças à mercê de uma doença que já causou a morte de mais de 620 mil brasileiros.

Combater esse poder avassalador das fake news — principalmente as que podem impactar na saúde das crianças — deveria ser uma missão, em especial, do governo federal. Mas algumas das principais autoridades públicas do país são as primeiras a espalhar notícias falsas, a fazer campanhas acirradas contra a imunização, a despertar temores.

Houvesse zelo pela vida da população, estaríamos vendo, agora, campanhas maciças em favor da vacinação, como tantas que acompanhamos ao longo dos anos, cujo sucesso transformou o Brasil numa referência mundial em imunização.

Com a volta às aulas e nenhuma sinalização de que governos locais e federal cobrarão o passaporte vacinal, o perigo para as crianças é potencializado, por causa da predominância da nova variante do coronavírus, a ômicron, a mais transmissível de todas. A diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne, informou, nesta semana, que a disseminação do vírus nas Américas atingiu o nível mais forte desde o início da pandemia. Estamos vendo isso aqui. Ontem, o Brasil ultrapassou 200 mil casos diários da covid-19 pela primeira vez nesta crise sanitária. Foram 204.854, superando o recorde anterior, de 150.106, registrados em 18 de setembro do ano passado.

Num cenário desse, se deixar levar por manipuladores e negar a meninos e meninas o direito à blindagem que a vacina oferece é uma decisão que pode ter consequências gravíssimas.

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