Uma menina de Minas Gerais foi estuprada durante quase toda a infância por um verme desgraçado, padrasto dela. Dos 4 aos 10 anos — uma fase que deveria ser só de brincadeiras e alegria —, ela teve seu corpinho de criança rotineiramente violado pelo canalha, por esse esgoto da raça humana.
O crime hediondo só chegou ao conhecimento da polícia no mês passado, dois dias depois de mais um estupro! Como algo tão atroz pôde acontecer, durante longos seis anos, sem que ninguém denunciasse? Não é crível, para mim, que todos no entorno dessa criança desconheciam a barbárie a que ela era submetida.
Perversidades semelhantes acontecem com uma frequência aterradora, e o socorro tarda a chegar ou nem chega — como nos casos das vítimas que acabam assassinadas por seus abusadores.
Até quando vamos fechar os olhos para tamanho sofrimento? Família, sociedade e Estado têm o dever — inclusive determinado na Constituição — de manter crianças e adolescentes a salvo de todos os tipos de violência, mas falham miseravelmente. É na família, inclusive, que acontece a maioria dos crimes. A sociedade, por sua vez, não se mobiliza contra essa calamidade. E o Estado é o primeiro omisso na obrigação de garantir a segurança e todos os outros direitos de meninos e meninas. Como resultado, a parcela mais vulnerável da população continua sendo a mais negligenciada, a mais desprotegida.
Cada um de nós pode fazer sua parte para mudar essa realidade. A começar por denunciar os crimes. Quem souber ou desconfiar de abusos físicos, psicológicos ou sexuais deve acionar a polícia ou o conselho tutelar. Se não quiser se expor, há plataformas e canais como Disque 100, aplicativo Proteja Brasil e new.safernet.org.br/denuncie, que garantem o anonimato.
E neste ano de eleições, fiquemos atentos a quem vamos dar o voto. Vai ser novamente aquela enxurrada de promessas de lutar pelos direitos de crianças e adolescentes — o que, salvo exceções, consiste em discursos vazios. Temos de cobrar daqueles que elegermos medidas efetivas para o bem-estar de meninos e meninas, cobrar a prioridade que eles tanto precisam e que a Constituição impõe.
Do Legislativo, espero penas mais rigorosas contra abusadores, torturadores e assassinos de crianças e adolescentes. Temos de acabar com as regalias previstas na legislação, que promovem a célere volta dos algozes às ruas. Se fosse por minha vontade, esses seres abjetos apodreceriam na cadeia.
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