Cerca de um milhão de pessoas vivem com HIV atualmente no Brasil. Em 2019, foram diagnosticados 41.919 novos casos de HIV e 37.308 de Aids, sendo este predominante entre os jovens de 25 a 39 anos, de ambos os sexos, com 492,8 mil registros, conforme dados do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde.
O Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2020, divulgado no final do ano passado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, aponta que desde o início da epidemia de Aids no Brasil, em 1980, até 31 de dezembro de 2019, já foram registrados 349.784 mortes pelo vírus. Em 2019, foram 10.565 óbitos. No período de 2009 a 2019, houve queda na mortalidade de 29,3%.
É importante ressaltar que ter HIV não é o mesmo que ter Aids, já que muitos soropositivos vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. O vírus pode ser transmitido por meio de relações sexuais sem uso de preservativo, compartilhamento de seringas contaminadas ou mesmo de mãe para filho na gravidez e amamentação. Por isso, a necessidade de se proteger e fazer exames regularmente.
Justamente para alertar a sociedade sobre a importância da prevenção contra a Aids e as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o Ministério da Saúde e sociedades médicas brasileiras promovem todos os anos a campanha Dezembro Vermelho. Instituída pela Lei 13.504, de 2017, tem como objetivo estimular a prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis.
Mesmo tendo o 1º de dezembro como o Dia Mundial de Luta contra a Aids e o Dezembro Vermelho, é preciso que a campanha se estenda para todos os meses do ano. Quarenta anos depois, a doença ainda é cercada por preconceitos e estigmas, comprometendo os relacionamentos, o trabalho e a qualidade de vida dos pacientes.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) explica que a data é uma oportunidade para apoiar as pessoas envolvidas na luta contra o HIV e melhorar a compreensão do vírus como um problema de saúde pública global. Este ano, o tema da campanha é: "Acabe com as desigualdades. Acabe com a AIDS. Acabe com as pandemias".
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) vem alertando a população para as formas de prevenção, riscos e tratamentos. Além do aumento de casos de HIV/Aids entre jovens, foi registrado elevação no número de casos de sífilis por meio do contato sexual em todas as faixas etárias, sobretudo entre pessoas acima de 50 anos, passando de 3.925 por 100 mil habitantes em 2010 para 152.915 por 100 mil habitantes em 2019. Já o HPV tem baixa cobertura vacinal no Brasil, mesmo com o imunizante disponível na rede pública de saúde.
Além da importância do uso de preservativo em qualquer atividade sexual, a SBU destaca que a vacinação contra o HPV, evitar múltiplos parceiros sexuais e, caso tenha um comportamento de risco, fazer testes para ISTs e sorologia para o HIV são fundamentais na prevenção da doença.
O sexo seguro é fundamental para evitar as ISTs e deve fazer parte da política pública de saúde no país, com disseminação de informações e orientações nas escolas e campanhas de conscientização para os fatores de risco e a importância da prevenção, sobretudo entre jovens.
As ISTs são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos, sendo transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de preservativo com uma pessoa que esteja infectada. É importante destacar que elas podem levar a doenças cardiovasculares, neurológicas, causar infertilidade e até mesmo câncer, como o de ovário e de pênis. O atendimento, o diagnóstico e o tratamento são gratuitos nos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS).
No caso do HIV, desde 1996 o Brasil distribui gratuitamente pelo SUS todos os medicamentos antirretrovirais (coquetel) e desde 2013 garante tratamento para os pacientes. O Brasil, inclusive, foi o primeiro país a garantir esse tratamento público e universal, e é uma referência nessa área.
Testagem e oferta de atendimento imediato, em caso de diagnóstico positivo, são fundamentais nesta luta para o êxito do tratamento e redução de óbitos pela doença no Brasil. O HIV não tem cura, mas o tratamento é essencial para manter a qualidade de vida dos pacientes. Que o Dezembro Vermelho continue todos os meses do ano, não só para conscientização da prevenção como também para acabar com o estigma e o preconceito que cercam a doença e os pacientes.
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