Opinião

Ana Dubeux: ter amigos é renascer todo dia

"2021 foi o ano do reencontro para tantos e o ano da despedida, do desemprego, da falência, da tristeza para tantos mais"

Ana Dubeux
postado em 26/12/2021 06:00
 (crédito: Unsplash/Reprodução)
(crédito: Unsplash/Reprodução)

Boa parte de nós passou a véspera de Natal abraçado à família e com saúde. E isso não é pouca coisa. Sabemos todos disso, assim como também sabemos que milhares passaram de luto, com fome e outras dores. E isso também não é pouca coisa. Precisamos permanecer conscientes e lembrarmos da lição maior: a humanidade. 2021 foi o ano do reencontro para tantos e o ano da despedida, do desemprego, da falência, da tristeza para tantos mais. O que me fez pensar, ontem, no aniversário de Cristo, na importância de renascer. O renascer na dor e no amor e, talvez, na mesma medida, nos dois. É o que temos. O cair e o levantar. O chorar e o sorrir. O lembrar e o esquecer. O existir simplesmente, a cada dia de um jeito. Hoje, especialmente, quero falar sobre o renascer na amizade. Renascer é também o reviver, especialmente a memória dos tempos bons. Eu, por aqui, ainda afago a memória dos momentos que vivi ao lado dos amigos que se foram. Mais recentemente, de Joezil, meu amigo, jornalista, contador de causos e piadas e dono de um bom humor contagiante.

A amizade restaura dores, cura feridas, abastece a gente de tantos sentimentos bons. Eu sei disso porque vivi. Algumas das pessoas mais importantes de minha vida já se despediram e não é fácil perder amigos. Mas admito que tê-los, em qualquer tempo, foi restaurador. E continua sendo.  No dia da passagem do meu amigo, o reencontrei numa foto que tiramos no Leite, Praça Joaquim Nabuco, 147, em Santo Antônio, Recife (PE). Era dezembro de um ano dourado. Rimos muito naquele almoço regado a risadas, alguns lacrimejos e cartolas, prato principal do mais antigo restaurante da minha cidade, inaugurado há mais de um século, em 1882.  Com ele, nenhum encontro era um encontro qualquer. E saí de lá com os melhores conselhos da vida, algo como: dê valor a quem importa. Rever quem ama, olho no olho, aliviar a mente e dividir os aperreios com um amigo é um conforto grande. O dia acaba mais leve, sem metade do peso e da angústia. Amizade real não acaba por bobagem, nem por distância, nem pela morte. Ela restaura — o amor, a vida, a leveza. Neste Natal, perdoe um amigo por aquela falta que não apaga nenhuma das gargalhadas que deram juntos. Encurte distâncias, cure feridas e faça uma amizade renascer. Lembre com saudade, mas, acima de tudo, com muita alegria.

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