Ainda que com atraso, é muito bem-vinda a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de autorizar a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos contra a covid-19. É sabido que casos graves da doença entre esse público são menos frequentes, mas, conforme dados do Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep-Gripe), no auge da pandemia, no meio de 2021, o Brasil chegou a figurar como segundo país no mundo com mais mortes de crianças por covid-19, ficando atrás apenas do Peru. Naquele período, as estatísticas apontavam que, a cada um milhão de brasileiros de menos de um ano a nove anos, 32 perderam a vida para o novo coronavírus. No Peru, eram 41 por milhão.
O anúncio oficial da autorização para vacinação de crianças será feito hoje pela Anvisa. O imunizante usado nessa faixa etária é da Pfizer, que tem registro definitivo do país. Será necessário apenas alterar a bula do fármaco para incluir o novo público-alvo. O início da vacinação, após a ratificação da Anvisa, dependerá do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais. Não há cronograma definido, mas espera-se que o programa de proteção das crianças comece o mais rapidamente possível. A ampla imunização evita que meninos e meninas se tornem propagadores de vírus entre familiares e professores, sobretudo neste momento de nova variante, a ômicron, circulando pelo país.
As vacinas que estão sendo usadas no Brasil contra a covid-19 passaram por todos os testes de segurança e eficácia. Não foi diferente com o imunizante da Pfizer voltado à criançada. Qualquer discurso tentando desqualificar os fármacos deve ser rebatido com contundência, pois, além de desinformar, atrapalha um programa fundamental para manter a população segura. Crianças são vacinadas contra várias doenças desde que nascem. Não podem, portanto, ficar de fora do plano de imunização contra a covid-19.
Todos sabem que o presidente Jair Bolsonaro tem resistência à vacinação de crianças contra a covid-19. E os seguidores dele nas redes sociais fazem campanha para que o governo não autorize a imunização desse público. A loucura desses apoiadores é tamanha que, no fim de outubro, antes de a Pfizer pedir a inclusão das crianças na bula da vacina, diretores da Anvisa foram ameaçados de morte por e-mail. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal. Não proteger as crianças por causa de posições ideológicas é empurrar o Brasil para as trevas. Felizmente, a Anvisa está agindo com independência e seriedade, como manda a legislação.
Também é alvissareiro saber que, diante das negociações entre a Anvisa e a Pfizer, o Ministério da Saúde começou a se preparar para a vacinação de crianças e antecipou a compra de 40 milhões de doses para imunizar a faixa etária de 5 a 11 anos. A entrega das injeções estava condicionada ao aval do órgão regulador. Portanto, é possível imaginar que, no máximo na virada de 2021 para 2022, o programa de proteção da meninada seja colocado em prática. Não há tempo a perder. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse público está sendo imunizado desde 2 de novembro. A vacina é aplicada em duas doses, com intervalo de três semanas.
O Brasil, com todos os percalços provocados pelo governo, deu provas inquestionáveis de que a vacinação é fundamental para o controle da covid-19. Os números mais recentes comprovam isso. A média de casos de infecção pelo novo coronavírus desabou e o número diário de mortes está há várias semanas abaixo de 200. É muita coisa ainda. Mas, certamente, com o sistema de proteção avançando entre um novo público, as chances de o país poder dizer que a doença está controlada ficarão muito maiores. É o que todos esperam depois de tanto sofrimento e quase 620 mil vidas perdidas.
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