Pesquisas recentes de opinião pública, publicadas em muitos espaços da mídia nacional, mostram, na análise fria dos números, as possibilidades de vitória dos candidatos A, B ou C para a corrida presidencial de 2022. São probabilidades numéricas, dentro do universo da matemática, mas que ainda assim são discutíveis ou não, de acordo com a posição de cada lado dessa contenda.
O estabelecimento de uma relação entre o mundo exato da aritmética e das vicissitudes humanas são sempre complicados e, não raro, acabam por frustrar as expectativas dos algarismos. O fato que permanece pairando sobre os números apresentados pelas pesquisas, é que a realidade das ruas, assim como as nuvens, muda ao sabor dos ventos.
Na democracia brasileira, precisamente, as normas legais para as disputas eleitorais é o que mais tem pesado no resultado final dos pleitos e que acabam por interferir na qualidade dos nossos governantes e no próprio futuro dos brasileiros.
Sem a pretendida reforma política, que colocaria em seus devidos lugares as normas razoáveis, as possibilidades e os empecilhos para que um candidato pudesse disputar uma eleição fundamental para o país, como é o caso da eleição presidencial que se aproxima, fica patente que teremos mais uma corrida ao Palácio do Planalto sob o carimbo do improviso e das incertezas. A começar pela instituição da Lei da Ficha Limpa.
Em se tratando de eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deveria ser a instância mais importante para decidir, mesmo depois do Supremo, se um candidato é elegível, considerando sua ficha corrida. Fica difícil entender como é possível que um postulante que, no caso aqui não se trata de um preso político, foi encarcerado por suas posições ideológicas, possa sair direto da cadeia para disputar as eleições, tendo atrás de si um tsunami de denúncias que levaram à realização da maior operação policial contra a corrupção de toda a história brasileira.
Para esse fato, o Supremo Tribunal Federa (STF) providenciou, de um átimo, um neologismo jurídico e linguístico na forma de uma "descondenação" de um réu, num empreendimento levado a cabo por ministros escolhidos a dedo pelo réu para ocupar a Alta Corte do país.
O que se criou com essa aberração jurídica nos remete à mais bem acabada chicana que se tem notícia, foi um candidato que, até aqui, não ousa sequer caminhar pelas ruas desse país. Faz, portanto, um tipo de campanha, fechado em seu bunker, para plateias amigas. Por certo, a convicção dos números favoráveis das pesquisas, o levará para bem longe dos debates e dos comícios populares, nos quais a realidade se faz diferente das previsões matemáticas.
O que o Supremo lançou no ringue das disputas é um candidato fabricado dentro dos gabinetes dos jurisconsultos, impondo sua candidatura goela abaixo da população, como se fosse um robô. O mais surreal em toda essa armação institucional é que uma possível vitória nas urnas de um candidato com essas características pode ocorrer sem que ele vá sequer às ruas e enfrente seus adversários cara a cara.
Como pode existir escolha de qualidade sem que o eleitor possa selecionar, num debate, o melhor candidato, o mais preparado, o mais íntegro e com as melhores propostas para o país. O que temos com essa candidatura imposta por um grupo de ministros do Supremo Tribunal Federal, com o apoio de todos aqueles que se locupletaram com malogrado governo desse boneco, é um autêntico outsider, mais parecido com aqueles candidatos biônicos, inventados pela cabeça estratégica e maquiavélica do antigo ministro militar Golbery do Couto e Silva.
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