Por CLÁUDIO TAFLA
Médico, é presidente da Aliança para Saúde Populacional (Asap), professor do MBA de Gestão de Saúde da Abramge
Muito se fala em relação à saúde de uma população e sociedade, mas como a gestão de saúde populacional pode influenciar e impactar a vida dos indivíduos e das empresas? Como fazer com que as ações individuais e corporativas venham a ser percebidas e mudem a convivência de uma população ou sociedade? Ótimas questões para começarmos a discorrer a respeito da saúde que queremos para nós, nossa comunidade e nosso país.
Hoje, de certa forma, ainda vale uma antiga definição de saúde, que por muito tempo foi utilizada: Saúde é a ausência de doença. Mas isso caiu por terra há muito tempo. E a Organização Mundial da Saúde define a saúde como o estado de bem-estar biológico, psicológico, social, espiritual e afetivo em comunidade.
E, nessa definição mais ampla e atual, podemos notar que não basta apenas não ter doença, para ser saudável, mas dependo também de minhas relações sociais, minha percepção de minha qualidade de vida e minhas questões mais internas para me sentir em plena saúde.
E com essas complicações na definição, precisamos aprimorar nossos cuidados e atenção à saúde para espectros mais abrangentes do que a prevenção e promoção de saúde, pois precisamos delimitar as expectativas individuais e alocá-las dentro de um contexto de sociedade para agirmos de forma mais ampla.
Difícil, não? Pode parecer, mas estamos voltando a definições e buscas de 1970 quando pesquisadores já conseguiam estudar os impactos do meio ambiente, acesso a equipamentos de saúde, genética e o estilo de vida como principais atores da saúde de um indivíduo e de sua chance de viver mais e melhor. E se já conseguiam, há mais de 50 anos fazer essas análises, deveríamos aprender a seguir os conselhos e a participação de cada um desses fatores no impacto geral de saúde e do quanto e como queremos viver.
De certa forma, nos acostumamos a pensar que não ter doença seria suficiente para nos considerar saudável e mesmo quando buscamos contratar serviços ou planos de saúde, focamos na doença como foco a combater. Ou será que nunca começou a pensar em contratar um plano de saúde pelos hospitais, laboratórios, clinicas e profissionais de saúde que ele possui como critério de escolha?
Mas quem já pensou em um plano de saúde que começasse por ofertar soluções de como melhorar seu bem estar, promover sua saúde e até prevenir doenças pelas quais seus antepassados e familiares morreram ou adoeceram? Será que estamos pensando mesmo em questões de saúde ou de doença?
Pois bem, voltando à gestão de saúde populacional, identificamos que seria a melhor forma de oferecer aos indivíduos suas necessidades especiais de informação e cuidados, sem desprendê-los da sociedade, que tem demandas e necessidades diferentes dentro de seu grupo.
Por isso, entender o indivíduo, a coletividade, que pode ser a sua empresa, sua comunidade, seu grupo de amigos e incluí-los nas demandas da sociedade para que possamos pensar coletivamente, junto, e usar nossos recursos de forma a equilibrar a oferta para todos, incluindo-os dentro de uma estratégia social e não apenas demandas individuais, é a essência da gestão de saúde populacional.
E não é porque o entendimento é simples, que a tarefa fica fácil, muito pelo contrário, passa a ser uma tarefa de ação e decisão de todos em prol de todos. Saímos da questão do cada um por si, para o vamos montar, estudar, planejar, definir e implantar, juntos, para todos. Cuidando para que todos participem da melhor e mais proativa forma no sentido de fazer sua parte e ajudar o todo a se manter equilibrado.
Mas não é isso que todo gestor de empresa pensa para seus funcionários e todo gestor público quer para sua cidade, estado ou país? Se for, e deveria ser assim mesmo, estamos falando da mesma ação, englobando o indivíduo, a empresa e a sociedade, de forma organizada e em prol do bem comum.
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