As palavras do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, no seminário Desafios 2022 para onde vai o Brasil, promovido pelo Correio, ecoaram em mim. Na verdade, foram ao encontro de pensamentos que já martelavam aqui por dentro. É fácil no fim de cada ano entrar na vibe do esquecimento, aquiescendo o coração com a expectativa do novo. Mas que novo? Mais um ano que se vai, deixando para trás a chance de tornar o Brasil menos desigual.
Barroso, ao comentar os desafios para 2022, tem razão: "Minha bola de cristal anda um pouco embaçada, e ela enxerga melhor para trás". É preciso preservar a memória do passado, incluindo os duros tempos recentes, para construir o futuro.
Não quero sabotar a esperança, mas perder a memória desses tempos difíceis, em que tantos morreram, não nos faz melhor. Muito pelo contrário. É preciso lembrar os ataques à ciência, a economia em frangalhos, a volta da fome e as tentativas de enfraquecer a nossa democracia. Barroso lembrou bem que "uma causa que precise de ódio, agressões e mentiras não pode ser uma causa boa".
Disse mais, lembrando que a democracia não é uma causa de consenso, mas de respeito às divergências, e defendeu pactos para uma agenda positiva: pacto pela integridade, em que adversários possam debater livremente sem ataques pessoais; pela responsabilidade fiscal e social, para que o Brasil volte a crescer e distribuir renda, e pela educação, que deve estar no topo de uma agenda prioritária.
Não seria pedir muito para um ano eleitoral. Um olhar para o Brasil, e não apenas para brasileiros privilegiados. Uma visão de futuro, aprendendo com os erros do passado. Mas será que as fake news e o negacionismo, que os ataques de ódio nas redes sociais e o apreço pela desinformação vão parar simplesmente? Temo que não.
Encerramos um ano aqui no Correio com um evento para subir o tom de defesa da democracia. O ministro Barroso resumiu nossos grandes desafios, defendendo em todas as oportunidades o sistema seguro e à prova de fraudes das urnas eletrônicas. Pré-candidatos à presidência, Rodrigo Pacheco, presidente do Senado; a senadora Simone Tebet, o governador João Doria e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro participaram do seminário.
Economistas, acadêmicos e outros políticos como o vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo, e o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, também contribuíram com a reflexão conduzida pelo nosso mediador Vicente Nunes e organizada por equipes de todas as áreas do jornal. Tudo registrado em vídeo, podcast, em reportagens publicadas no site correiobraziliense.com e impressas nas páginas do Correio.
Foi um encontro para repensar um Brasil, quem sabe, livre de ameaças ao espírito democrático que conquistamos e amadurecemos desde o fim da ditadura. Teremos eleições livres e limpas, a despeito de quem prefere viver na sombra, sonhando com um Brasil que decresce na luta pela igualdade e na defesa dos direitos humanos e da democracia. Por certo, não passarão.
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