Educação, diziam os antigos, se faz, basicamente, pelo exemplo e pelas atitudes práticas que as pessoas mais idosas e experientes exibem diante dos mais jovens. É copiando o modelo de comportamento que enxerga no seu espaço de convivência, ou no seio da família, que o jovem é capaz de reproduzir esses exemplos durante sua inserção num meio social mais amplo.
Fora da família e na sociedade que encontram-se também os maiores e mais variados exemplos de comportamento que serão, necessariamente, copiados pelos cidadãos mais novos. O ensino dentro das escolas entra nesse processo de modelagem do comportamento dos moços, de forma lateral, cabendo a essas instituições, como é o caso no Brasil, um papel basicamente de formuladoras de conteúdo ou informadoras.
Nesse sentido, tendo em vista que os altos escalões sociais, por sua posição de destaque no alto da pirâmide, representam também o ponto mais visível por todos e, portanto, mais reproduzível também.
Nos diversos estamentos sociais em que estão divididas a sociedade brasileira, considerada uma das mais desiguais do planeta, é fácil notar que o modelo de comportamento seguido pela grande massa de jovens que está na base mais ampla da pirâmide, é sempre aquele que ele percebe nas classes sociais que estão acima.
O exemplo de comportamento ou a educação que serve de modelo para a grande plateia que a tudo assiste do fundo do vale é sempre aquele exibido e transmitido pelos altos escalões da sociedade. É aí que todo esse mecanismo de transmissão de educação deixa nosso país em uma situação absolutamente caótica perante o mundo.
O que parece é que seguimos o que vaticionou o antropólogo Claude Levi-Strauss nos anos 1930, quando esteve no Brasil lecionando na Universidade de São Paulo. Ele dizia que o Brasil passaria diretamente da fase de barbárie à da decadência sem conhecer, contudo, o estágio evolutivo da civilização.
É isso exatamente o que estamos assistindo em todas as direções. A qualquer sopro tênue de civilidade que observamos, segue-se uma baforada de barbáries que tudo desmancham. É o caso aqui desses processos jurídicos que transformaram em pó toda a Operação Lava-Jato e que, por um curto período de tempo, fez a população acreditar que os ventos da civilização finalmente haviam chegado também ao Brasil.
O lento processo de descondenação, empreendido pela Suprema Corte, que, por meio de um autêntico exemplo de chicana jurídica, tornou o ex-presidente Lula da Silva, padrinho na indicação de alguns desses ministros, em cidadão de bem, demonstra que estamos em desabalada corrida rumo ao encontro de nossa decadência como sociedade. Que exemplos os mais jovens vão colher de todo esse recente processo que servirá como modelo de educação a ser copiado e levado à praça e ao mundo? Por certo, a primeira lição é que vale a pena ser desonesto, se você é poderoso e influente. Outras lições aprendidas são de que as leis não valem para todos. Aqueles que estão no alto da pirâmide social tudo podem é outro aprendizado a ser colhido. Quais outros exemplos os brasileiros mais jovens podem captar para servir de modelos em sua vida, ao observar, com atenção, o comportamento de nossa elite política?
Nada que possa servir como exemplo educativo de ética é visto no comportamento de nossas elites. Pelo contrário. A correta educação dos mais jovens, feita com base em exemplos práticos, deve ser adquirida longe, muito longe daquilo que exibem nossas elites políticas.
Copiar, como exemplo de educação, o comportamento de nossas elites só tem serventia mesmo para aqueles indivíduos que acreditam, intimamente, que leis, ética pública e bom comportamento são bandeiras para os fracos e derrotados.
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