Caso se confirme o que vêm prevendo as autoridades sanitárias em todo o mundo, a aplicação de uma terceira dose das vacinas contra a covid e, quiçá, a quarta ou infinitas outras serão necessárias para enfrentar essa que é a maior das epidemias já enfrentadas pela humanidade desde que nossos primos, de um elo perdido e distante, resolveram descer das árvores.
Ou as autoridades e cientistas ligados à Organização Mundial de Saúde (OMS) sabem de algum fato relevante e vital que o restante da população do planeta não conhece, ou estamos diante de uma versão revivida da Hidra de Lerna de sete cabeças que, por séculos, cuidou de atormentar, adoecendo e matando parte da população do Peloponeso.
Talvez a situação seja ainda mais sinistra, com as autoridades sanitárias e os cientistas tendo que reconhecer que estamos perambulando no escuro, tateando nas paredes de uma caverna, em busca de uma saída. De toda forma, o que temos de concreto é que países europeus, nessa chegada de mais um inverno, estão experimentando uma terceira e forte onda de contaminação, com hospitais lotados e mortes acontecendo. Com isso, novas medidas restritivas de circulação estão sendo adotadas, numa reprise do que já vimos.
Dentre as muitas questões que surgem dessa retomada da doença, estão aquelas relativas aos custos e aos gastos que países em desenvolvimento e subdesenvolvidos terão que arcar ainda, junto aos laboratórios, para enfrentar a nova onda de virótica em contrapartida com o lucro de instituições e empresas que não abrem mão da ganância. Não se sabe, com exatidão, o que pode estar por detrás dessa retomada pandêmica quando se verifica, como é o nosso caso, os muitos pontos obscuros que envolveram a aquisição desses imunizantes.
As consequências práticas da CPI do Covid ainda não se transformaram em atos materiais. Não se sabe de nenhuma diligência por parte da justiça contra aqueles que fizeram da miséria alheia uma criptomoeda lucrativa. Mesmo com a possibilidade real de uma volta acentuada das infecções, como ocorre agora lá fora, o tempo decorrido desde que o relatório final foi apresentado continua avançando e levando para o esquecimento o resultado de meses de investigação que resultaram num calhamaço de denúncias sérias.
Nem bem saímos de uma primeira e segunda ondas e já estamos experienciando a possibilidade de uma terceira rumo ao carnaval. O que pode acontecer, daqui para frente, é sermos apanhados em plena terceira onda, da mesma forma que fomos surpreendidos por uma primeira.
Por certo, a proximidade das eleições, com a consequente corrida dos políticos aos cargos, não parece condizer com os projetos pessoais e a ganância dessa gente. Nada nem ninguém deve se interpor entre esses anseios desmedidos, nem mesmo a recidiva da virose. O que se sabe, com toda certeza, é que, se a doença voltar com força, serão os pobres e desvalidos aqueles mesmo ludibriados pelas elites políticas, os primeiros a perecerem.
Como na Primeira Guerra Mundial (1914-18), os soldados situados nas trincheiras avançadas eram os primeiros a morrer, sendo seus abrigos, nas valas cavadas sob a terra, suas sepulturas definitivas.