A variante delta do novo coronavírus tornou a Europa, mais uma vez, epicentro da pandemia da covid-19. A Alemanha, um dos países que mais levaram a sério as recomendações dos especialistas, enfrenta a quarta onda da doença, como elevado índice de contágio e óbitos. Apenas 66,9% da população alemã completou o ciclo de imunização. Na última quarta-feira, 33.949 alemães foram diagnosticados com covid-19, número superior ao de infectados em 18 de dezembro do ano passado (33.777).
A grave situação se repete, em níveis diferentes, entre os 53 países europeus e da Ásia, cobertos pela Organização Mundial da Saúde, dependendo do percentual de indivíduos vacinados.
De acordo com especialistas, apesar de o contágio ocorrer em todas as faixas etárias, os idosos (65 anos ou mais) são a camada mais vulnerável quando infectados pelo Sars-Cov-2, sobretudo entre aqueles que não foram vacinados ou não tomaram as duas doses ou a única indicadas pelos fabricantes. Para eles, é importante o reforço da vacina.
Entre as causas do recrudescimento da pandemia está o relaxamento das regras de distanciamento social, a começar pela reabertura dos estádios de futebol e em outras atividades do cotidiano.
No Brasil, o negacionismo domina uma parte da população que recusa a vacinação, motivada por falsas informações difundidas por autoridades absolutamente descompromissadas com a coletividade e com a vida.
Não à toa, o país ocupa a segunda posição no ranking mundial em número de mortes pela covid-19. Superada a barreira dos 600 mil óbitos, o Brasil detém a segunda posição no ranking mundial, à frente da Índia, que tem uma população seis vezes maior (1,3 bilhão), atrás somente dos Estados Unidos (752 mil).
O alerta da OMS para a Europa deve servir de advertência para o Brasil, onde menos de 60% da população completou o ciclo de vacinação e ainda é inexpressivo o percentual de idosos que receberam a dose de reforço. Hoje, estados como Rio de Janeiro e o Distrito Federal relaxaram o uso de máscara de proteção em espaços abertos. Os estádios reabriram, bem como bares, restaurantes, cinemas e teatros. Exigir a caderneta de vacinação é o mínimo que os administradores podem cobrar de torcedores e frequentadores desses espaços públicos.
O "liberou geral", como desejam muitos, pode levar a sociedade brasileira a reviver os momentos dramáticos registrados neste ano, quando o número de óbitos chegou a mais de 4 mil em 24 horas.
Nos Estados Unidos, ninguém é obrigado a se vacinar, como aqui, mas, para entrar em espaços coletivos, como os de trabalho, repartições públicas e outros, a pessoa tem que apresentar exames laboratoriais que comprovem que ela não está infectada, a cada sete dias.
Ou seja, é uma forma de o poder público fazer valer o direito do coletivo a um ambiente seguro, livre de riscos de ser infectado por aqueles que ignoram ou não acreditam nas orientações da ciência e da medicina. Ninguém precisa ser punido pelas suas convicções, mas não pode ser um vetor de doenças a quem compartilha, ou não, da sua maneira de pensar e agir. A saúde e a vida de todas as pessoas importam.