Em plena agonia, Bolsonaro não para de agradar o Centrão, que não quer afagos e abraços, mas dinheiro, cargos em comissão e obras ou pelo menos o anúncio, que seja, de obras prometidas ao eleitorado. O presidente os atende, os do Centrão, obviamente, sob pena de ficar sem sustentação no Congresso Nacional.
Mais tem amortecedores. Os congressistas egressos do Norte e Nordeste do país, onde Lula pontua acima de 60% não se arriscarão a um incondicional apoio ao governo central.
Guedes, por outro lado, está desmoralizado. Ao cabo, esse negócio de Auxilio Brasil é só o Bolsa Família lulista sob outro nome (que falta de originalidade). Guedes, o frouxo, aceita tudo para "agradar o patrão". Vai para casa, Guedes. Preserve o pouco de dignidade que lhe resta. O mercado financeiro já não crê em suas falas. Evite o ridículo.
Claro como a luz do Sol tropical, esse programa clona o Bolsa Família e não passa de uma nojenta engenhoca eleitoreira de bilhões de reais — que são nossos, dos impostos que pagamos — e de mais uma procrastinação de pagamento dos precatórios líquidos e certos, porém não pagos.
Os particulares — não faz mal repetir —, quando devem e não pagam, têm seus bens penhorados. Os governos, o Executivo, o Poder central, seus entes, como o INSS, quando devem e não pagam, não há como penhorar seu patrimônio (somos ao final, um país atrasado). Então, depois de muita luta são expedidos pelo Poder Judiciário os precatórios. São ordens para que a União, estados, municípios, suas autarquias (INSS) e fundações paguem o que devem mediante inserção da deprecação no orçamento do ano vindouro (caso sejam expedidos até julho do ano anterior).
Pois bem, Bolsonaro quer financiar suas demagogias tomando parte do dinheiro que era dos precatórios (tem gente esperando há 20, 30 anos, que o Estado tenha vergonha e pague o que deve). Esse Bolsonaro saiu pior do que a encomenda! Quer dar o cano nos credores. Que vergonha. E, com o prestimoso apoio do morno Guedes, o servidor de Pilatos.
Neste triênio que está a findar-se, o governo central pouquíssimo fez na infraestrutura, na educação e na saúde (muito pelo contrário sabotou a compra de vacinas), achando-nos animais, com a tal imunidade de rebanho. Para ele, a aparente cópia do fascista Mussolini nós somos alimárias. Que morram uns 10%, o resto pega a doença e sobrevive, para que vacinas? "Não sejam medrosos", recitava a cópia do Mussolini, "enfrente o perigo!" Ora essa, que sujeito mesquinho, sem piedade, como se proteger, ficar longe de aglomerações, não tivesse sido uma tática universal para combater a pandemia. Vociferou até contra o uso de máscaras. Cá para nós, somos um país de idiotas.
Como é que pode um presidente de um país com mais de 210 milhões de habitantes residentes, ouvir do chefe de governo da União Federal dizer que a vacina dá AIDS nas pessoas vacinadas e ainda se gabar de que seu Ministério da Saúde vacinou metade da população?
Sua base de sustentação está em parte na classe média — média e alta — sempre moralista e autoritária. Nada melhor para o nosso Mussolini tropical. Não sei a razão de não entrar no debate político nacional o fracasso econômico do governicho de Bolsonaro. Que diferença de JK!
Não se reelegerá e nem sei, se vai se candidatar a presidente. Mira o Senado. Serão oito anos de mandato e mamata. Nada melhor para quem viveu às custas do erário a vida toda, desde o curso primário, no vale da Ribeira em São Paulo (tão atrasado como a Alagoas de Lira), até a presidência depois de 27 anos no Congresso Nacional...
Não sei quando o povo brasileiro tomará as rédeas do seu destino. Fomos bem com Getúlio, em 1930, com Juscelino e até com Castelo Branco e Médici na ditadura. Temer nos assegurou a democracia no pós PT, quando crescemos muito, economicamente falando. Agora, vejam um desastrado se adornar do Poder Central e nos levar de volta à falta de crescimento, ao desemprego e à fome!
Essa é a verdade inescondível. O rei está nu, mas as classes médias do país, em parte, não se dão conta disso. O empresariado sim. O que será de nós daqui a 10 anos? Nossa indústria continua caindo, ainda que o agronegócio vá bem, por conta própria.
O Auxílio Brasil é apenas a correção monetária do Bolsa Família e um aumento de beneficiados, por isso que no governo Bolsonaro o desemprego aumentou para 15% da população economicamente ativa (PEA). Mas esse aumento foi a desculpa para não pagar os precatórios, verdadeira indecência e disfarça R$ 20 bilhões que serão utilizados pelos parlamentares para efetivar suas emendas eleitorais com o nosso dinheiro, de nossos impostos!
A PEC dos precatórios é a pior coisa que esse governo perpetrou. Nunca um presidente se utilizou, assim como sua base parlamentar, do dinheiro público para fins eleitoreiros, sem falar no prejuízo que infligiu aos estados e municípios, os chamados entes políticos subnacionais.
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