TRÂNSITO

Carros antibêbados para barrar os imprudentes ao volante

Os carros potencialmente se tornarão testemunhas contra seu proprietário em caso de ação judicial? A resposta ninguém sabe. Mas o fundamental é isso: aumentar o cerco aos bêbados ao volante

Roberto Fonseca
postado em 19/11/2021 06:00
Riscos nas ruas poderão ser minimizados por tecnologias anti-álcool? -  (crédito:  Breno Fortes/CB/D.A Press)
Riscos nas ruas poderão ser minimizados por tecnologias anti-álcool? - (crédito: Breno Fortes/CB/D.A Press)

Dirigir embriagado, desde sempre, é uma das chagas do trânsito no Brasil. Ano após ano, as estatísticas dos órgãos fiscalizadores registram centenas de casos em todo o país de motoristas bêbados ao volante que provocam tragédias. Em 2019, por exemplo, ano em que o Detran realizou o último estudo sobre o impacto da Lei Seca, 81 pessoas perderam a vida nas ruas do Distrito Federal por causa do consumo de álcool. É muita gente.

Durante toda a minha carreira, cobri e editei dezenas de reportagens sobre acidentes. A dor de perder um parente por causa da violência no trânsito é brutal. Além de ser repentina, deixa sempre a sensação de que poderia ter sido evitada. Mas, se o uso de álcool ao volante é confirmado, a indignação é ainda maior. E é crime, com a pena de reclusão de cinco a oito anos para quem cometeu homicídio culposo ao dirigir bêbado, além da suspensão da carteira de habilitação.

Colocar em prática medidas para inibir a mistura de bebedeira e volante é um tema sempre presente no debate entre especialistas e autoridades de trânsito. Presenciamos na última década um endurecimento da legislação. A multa para quem é flagrado bêbado ao volante é bem cara. Chega a quase R$ 3 mil, sendo que dobra em caso de reincidência. Concordo plenamente, e penso que ainda é pouco.

Nos EUA, a discussão avança em outro sentido. Lá, os carros poderão recusar-se a andar se o motorista estiver embriagado, graças a sensores capazes de detectar o álcool no hálito ou pela pele. A tecnologia já existe, basta colocá-la em prática. Há, por exemplo, um scanner, integrado ao botão de partida do motor, que mede o nível de álcool nos vasos sanguíneos sob a pele dos dedos, por meio de luz infravermelha. Nesta semana, o presidente Joe Biden assinou uma lei que forçará as montadoras a adicionar esses recursos nos próximos anos.

Se a ideia vai dar certo ou não, é uma outra história. Já existe uma discussão sobre liberdade civil e em relação aos aspectos judiciais. Uma questão ainda sem resposta: os carros potencialmente se tornarão testemunhas contra seu proprietário em caso de ação judicial? A resposta ninguém sabe. Mas o fundamental é isso: aumentar o cerco aos bêbados ao volante.

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