Doença que tem aumentado em todo o mundo nos últimos anos, o diabetes já está sendo considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma pandemia. E não é para menos. O Atlas do Diabetes, divulgado na última semana pela Federação Internacional de Diabetes, aponta que 537 milhões de adultos, entre 20 e 79 anos, convivem com a patologia. A previsão é de que este número suba para 783 milhões até 2045, se nada for feito para frear esse avanço.
Considerada uma doença "silenciosa", justamente por não dar sinais no começo, 44,7% dos adultos desconhecem que têm o problema que só este ano já provocou a morte de 6,7 milhões de pessoas no planeta. É um número muito alto quando se sabe que é uma doença evitável ou, pelo menos, controlável. Em 90% dos casos, o diabetes se manifesta como o Tipo 2, relacionado ao sobrepeso, obesidade e maus hábitos de vida.
No próximo dia 6 de dezembro será publicada a décima edição do Atlas do Diabetes, referente a 2021, que pode confirmar essa realidade alarmante. No Brasil, os dados também são preocupantes. O país ocupa a quinta posição no número de pessoas com diabetes: até 2019, eram 16,8 milhões de brasileiros com a doença, sendo que a metade deles não sabia dessa condição.
A falta de informação sobre a doença, o descaso com a prevenção justamente pelo desconhecimento e o diagnóstico tardio levam ao aumento no número de casos, complicações e mortes. A obesidade e fatores genéticos são apontados como as principais causas da doença entre a população.
O diabetes geralmente tem sintomas imperceptíveis no início e quando o diagnóstico é feito a doença já está instalada e é muito associada a problemas cardiovasculares, principal causa da mortalidade para a patologia, e à saúde renal. Se não for controlada, já que não tem cura, pode aumentar também o risco de cegueira, problemas arteriais nos membros inferiores, com ocorrência de amputações e neuropatias. Fome frequente, sede constante, feridas que demoram a cicatrizar, necessidade de urinar várias vezes ao dia, fadiga e formigamento nos pés e mãos são alguns dos sinais que devem ser observados.
Por isso, o alerta para a gravidade da doença e a importância da prevenção e do acompanhamento médico regular com exames de glicemia em jejum. Especialistas lembram que os fatores genéticos não podem ser controlados, mas a obesidade e hábitos alimentares errados, sim. A má alimentação, rica em carboidratos e gorduras, é um grande fator de risco para o diabetes. E os cuidados devem começar na infância, já que a doença tem atingido de forma crescente crianças e jovens.
Para conter o avanço da doença, é importante adotar uma rotina alimentar saudável e incluir a prática regular de atividades físicas no dia a dia. Isso inclui combater a obesidade, também já considerada uma pandemia no mundo todo, e os riscos para o desenvolvimento do quadro que pode levar a complicações graves e mortes. Fazer um checape anualmente é a melhor forma de prevenir e diagnosticar precocemente o diabetes. Quem tem casos da doença na família, é hipertenso, tem sobrepeso ou obesidade deve redobrar os cuidados, bem como mulheres que tiveram diabetes gestacional.
Esta é uma doença grave, com custo elevado para o sistema público de saúde. O último Atlas da Federação Internacional do Diabetes aponta que o Brasil gasta cerca de US$ 52 bilhões por ano só com o tratamento de adultos portadores da doença, o que representa cerca de US$ 3 mil por habitante. É importante lembrar também que o diabetes pode ser um fator agravante no quadro da covid-19.
Diante desse cenário alarmante, é fundamental intensificar campanhas de prevenção e aumentar o acesso da população a exames de rotina que podem diagnosticar e ajudar no tratamento precoce para prevenir o avanço da doença no país. Cuidar da saúde é dever de todos e só com informação e conhecimento o Brasil pode mudar isso.
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