Uma das muitas dúvidas que aflige os chefes de governo presentes na COP26, em Glasgow (Reino Unido), é saber, ao certo e sem "pedaladas ambientais", que rumo tomará o Brasil com relação à redução das emissões de gases de efeito estufa nos próximos anos. O não comparecimento do presidente da República na COP26, ainda mais quando se verifica que ele estava na Europa nessa ocasião, deixou, segundo observadores presentes na reunião, a má impressão de que a ausência do chefe de Estado na Cúpula sobre o clima pode ser usada como pretexto para não assumir pessoalmente qualquer compromisso taxativo diante de seus pares que prejudiquem suas pretensões às próximas eleições e, sobretudo, que venham a comprometê-lo com seus apoiadores no caso de um provável segundo mandato.
Por certo, o agronegócio, que apoia incondicionalmente o governo, está comemorando esse desdém do presidente com a COP26 e uma possível restrição à expansão de seus empreendimentos no Brasil. Com a decisão de Bolsonaro de não comparecer à COP26, quem perde é o Brasil, que passa a ser incluído entre as nações com pouca ou nenhuma credibilidade perante o mundo num momento delicado para o planeta e para o futuro da humanidade.
É preciso ter em mente que o problema ambiental, com todas as variantes climáticas que estamos assistindo no dia a dia, chegou ao seu limite extremo, não sendo mais tolerado indecisões com base em questões internas de cada país, muito menos questiúnculas do tipo eleitoral. É sabido que a maioria dos países desenvolvidos já vêm correndo contra o tempo e adotando, em ritmo acelerado, tecnologias que valorizam a produção de energia renováveis e limpas.
Com isso, já está previsto até uma queda surpreendente na demanda por petróleo, o que pode levar empresas como a Petrobras e outras a se tornarem obsoletas e desvalorizadas em pouco mais de três décadas. A queima de derivados do petróleo está assinalada como uma das maiores inimigas do planeta.
A segunda maior ameaça vem por conta do desmatamento e da queima de vegetação nativa, questão que diz respeito direto ao Brasil. Embaixadas de todo o mundo, com sede em Brasília, enviam diariamente informações aos seus governos sobre a situação ambiental no Brasil e sobre as medidas adotadas internamente nessas questões.
São informes reforçados por imagens de satélites e por ONGs que atuam no Brasil, dando um quadro geral da situação do momento. Mentir ao tentar apresentar dados falaciosos sobre a situação ambiental é desnecessário porque vão contra os fatos. Hoje, já é possível dizer que, nessas questões, ninguém mente impunemente. Os dados de que dispõem os cientistas confirmam que o governo brasileiro vem dando informações diferentes desde os primeiros encontros do clima a não cumprir nem um terço dos acordos que vem estabelecendo.
É preciso entender ainda que a maior preocupação não só do mundo como de muitos brasileiros que assistem essa destruição de perto é com a Amazônia, com o Cerrado e com biomas como o Pantanal e a Floresta Atlântica. Trata-se aqui de um problema de todos os habitantes da Terra, porque, ao contrário do que acreditam governos mal informados e mal intencionados, a questão do aquecimento global, como o próprio nome diz, não conhece fronteiras, afetando igualmente países ricos e pobres, pretos e brancos, incluindo nesse conjunto governos negacionistas ou cientes do problema.
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