Por Alice Sarkis Gorgulho - Diretora da Kingdon School
A educação é um processo social de adquirir conhecimentos e de ter um desenvolvimento pessoal. Educação não é apenas preparação para a vida. É a própria vida, segundo John Dewey (1859-1952), filósofo norte-americano que influenciou educadores de várias partes do mundo. No Brasil, John Dewey inspirou o movimento da Escola Nova, liderado por seu aluno de pós-graduação nos Estados Unidos, Anísio Teixeira (1900-1971).
Se Dewey considerava a educação uma constante reconstrução da experiência, foi esse pragmatismo que impulsionou Anísio Teixeira a se projetar para além do papel de gestor das reformas educacionais e atuar também como filósofo da educação. "O próprio ato de aprender'', dizia Anísio Teixeira quando criou as escolas classe e a Universidade de Brasília, "durante muito tempo significou simples memorização. Depois seu sentido passou a incluir a compreensão e a expressão do que fora ensinado. Por último, envolveu algo mais: ganhar um modo de agir. Só aprendemos quando assimilamos uma coisa de tal jeito que, chegado o momento oportuno, sabemos agir de acordo com o aprendido".
É dentro desse pragmatismo de John Dewey e de Anísio Teixeira que, nos últimos anos, intensificaram-se no Brasil as discussões sobre a educação bilíngue. E o debate chegou a tal ponto que o Conselho Nacional de Educação (CNE) passou a ser questionado por diversas instituições sobre a falta de uma norma nacional. Essas interpelações partiram principalmente do Ministério Público, atendendo a indagações das escolas desse segmento que trabalham com as línguas ditas de prestígio.
O motivo é simples: a Lei de Diretrizes e Bases não foi elaborada compreendendo uma legislação para escola bilíngue. Daí que, num passado recente, famílias que buscavam uma educação com uma base de língua estrangeira forte, recorriam às escolas internacionais. Ainda assim, esse nicho era seleto e alcançava pequena parcela da população.
Hoje as escolas internacionais estão divididas em dois blocos: 1) As tradicionais: fundadas por comunidades de imigrantes que seguem os currículos dos seus países de origem. Ao entrar no Brasil, elas fecham acordos individualmente com consulados e embaixadas. Portanto, elas têm certa liberdade em relação às leis brasileiras. 2) E as escolas brasileiras com currículos internacionais, regulamentadas pelo Ministério da Educação (MEC), que têm parcerias com grandes redes internacionais de escolas.
Para regular esse crescimento, foi publicado este ano, novas diretrizes para a educação bilíngue no Brasil. Entre as principais mudanças ficou estabelecido que escolas para serem bilíngues devem ministrar aulas em duas línguas, tendo um só currículo. E que escolas com currículo bilíngue optativo devem ter uma carga horária mínima de três horas semanais na língua adicional.
Outra mudança é que as escolas não podem dar mais de 50% da aula em uma segunda língua, dentro do período regular do aluno. A diretriz conclui obrigando os professores a ter uma formação complementar em educação bilíngue e uma certificação comprovada com proficiência de nível mínimo B2. Como diretora da Kingdon School estudo permanentemente este processo. Observo que é muito diferente apenas ofertar o inglês como matéria aos alunos. O ensino bilíngue é completo porque os alunos possuem aulas de geografia, história, ciências e matemática em inglês. É claro que no estudo bilíngue o aluno aprende, desde cedo, a dominar a segunda língua com chances muito maiores de rapidez no aprendizado e de ter alta qualidade em proficiência.
A vida pede essa mudança. A equação do bem-viver hoje mistura educação, cultura, ritmo de conhecimento, entendimento da globalização, mercado de trabalho, empreendedorismo, viagens, negócios e comunicação. E sem uma segunda língua de prestígio, sobretudo o inglês, as portas ficam cada vez mais difíceis de abrir. Falar inglês deixou de ser uma opção para se tornar exigência. Mais: uma obrigação. Virou passaporte para negociações, especializações, pesquisas e entretenimento com as mais variadas formas de lazer oferecidas pela informática e eletrônica.
Vale conhecer as 10 maiores vantagens do estudo bilíngue:
1) O bilinguismo aprimora o funcionamento do cérebro.
2) Pessoas bilíngues tendem a desenvolver maior controle cognitivo.
3) Ter um cérebro bilíngue aumenta muito o raio de percepção.
4) Ser bilíngue ajuda a tomar as melhores decisões.
5) O bilinguismo é um forte diferencial no competitivo mercado de trabalho.
6) Os bilíngues entendem melhor as diversidades culturais e sociais.
7) Para os bilíngues as viagens se tornam mais agradáveis, seguras e emocionantes.
8) Os bilíngues tiram muito mais proveito dos avanços da tecnologia e da informática.
9) Para os bilíngues, há muito maior facilidade no manuseio de equipamentos eletrônicos e no uso da internet.
10) A pessoa bilíngue se sente cidadã do mundo.
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