Com poucos recursos, tem sido árdua a luta da Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro para manter-se em atividade. E isso se acentuou com o advento da pandemia e a proibição de funcionamento depois das 22h, imposta pela Justiça, que, por pouco, a impediram de comemorar os 60 anos de fundação. O esforço da atual diretoria, presidida pelo jovem professor de história Rafael Fernandes, possibilitou que a campeoníssima escola de samba brasiliense pudesse celebrar a data com dignidade.
Fatos que marcaram a trajetória da Aruc, ícone da cultura popular da capital federal, foram destacados por alguns dirigentes, em solenidade no dia 21 último, que reuniu representantes de várias gerações da agremiação do Cruzeiro Velho, no espaço cultural Nilton Sabino. Os relatos foram ouvidos, com atenção, por políticos de diferentes matizes ideológicas, como o vice-governador Paco Brito, a deputada federal Érica Kokay, os deputados distritais Chico Vigilante e Reginaldo Sardinha e o administrador regional Luiz Eduardo — democraticamente lado a lado —, em clima de confraternização.
Gerou expectativa a promessa feita por Paco Brito de retornar à Aruc em janeiro próximo para compartilhar com a comunidade cruzeirense a implementação da Lei 6.888. aprovada por unanimidade pela Câmara Legislativa e sancionada pelo governador Ibaneis Rocha, em 7 de julho deste ano, que criou a política pública de regularização fundiária de terrenos ocupados por clubes esportivos, templos religiosos e entidades sem fins lucrativos. De acordo com a lei, essas instituições poderão assinar com a Terracap contrato e concessão de direito real de uso —, sem opção de compra — uma espécie de escritura pública de terreno, registrada no cartório imobiliário. Essa lei garante a ocupação do local pelo prazo de 30 anos, prorrogável por igual período.
A comemoração das seis décadas de existência da Aruc prosseguiu no final da tarde de sábado, com o desfile pela área central do Cruzeiro Velho, partindo da concentração na Quadra 3, onde a agremiação nasceu. Cento e cinquenta integrantes da escola — incluindo a bateria, mestre sala sala e porta-bandeira, passistas e destaques — participaram do cortejo, embalados pelo samba-enredo Quem mora no Cruzeiro é maneiro. Eles foram aplaudidos por fundadores remanescentes que, emocionados, assistiram à passagem da escola.