opinião

Visão do Correio: Guerra ainda a ser vencida

O Brasil vive o melhor momento no enfrentamento ao novo coronavírus desde o início da pandemia, que já tirou a vida de mais de 600 mil pessoas no país. Com o avanço da campanha nacional de imunização, os indicadores de mortes, casos graves e internações por covid-19 estão em queda há mais de três meses. Na sexta-feira, a prefeitura do Rio de Janeiro celebrou o fato de a capital ter registrado o menor número de casos desde o começo da crise sanitária. “De cada 100 testes realizados, somente quatro são positivos. Já podemos dizer que, neste momento, temos a covid-19 controlada na cidade do Rio, devido à alta adesão dos cariocas à vacina”, postou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, em rede social.

Divulgado na quinta-feira, o mais recente boletim da Fundação Oswaldo Cruz ressalta que os bons resultados se devem à vacinação e destaca que, das 27 unidades da Federação, apenas duas ainda permaneciam na zona de alerta; o Espírito Santo, onde a taxa de ocupação de UTIs para pacientes da doença tinha voltado a crescer, passando de 65% para 71%; e o Distrito Federal, onde havia caído de 89% para 80%. Como o estudo da Fiocruz se refere ao período de 10 a 16 de outubro, vale observar que, nesta última semana, os indicadores de gravidade da covid-19 voltaram a recuar em todo o país.

No boletim, sobre o caso específico do DF, pesquisadores da instituição ressalvam que o alto patamar de ocupação de UTIs também está relacionado à diminuição de leitos específicos para pacientes com coronavírus. “O Distrito Federal vem gerenciando a retirada de leitos de UTI dedicados à covid-19 há várias semanas, e parece haver algum controle sobre a taxa, apesar do nível elevado”, relatam. “A situação do Espírito Santo tem sido mais preocupante pela variação em um patamar que destoa do resto do país, mesmo com a manutenção do número de leitos há cerca de seis semanas”, analisam.

Diante do otimismo com a vacinação, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, anunciou a intenção de flexibilizar o uso de máscara em espaços públicos abertos. No entanto, apesar de reconhecer e destacar a melhora consistente nos indicadores de gravidade da pandemia, cientistas da Fiocruz ainda temem a possibilidade de reveses. Eles voltaram a expressar preocupação com inconsistências na divulgação de dados oficiais sobre mortes e casos de covid-19 nas últimas semanas, como aconteceu nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina no final de setembro, e no Ceará e Distrito Federal no início de outubro. Esse fato, analisam, pode levar a decisões erradas.

“A falsa impressão de que já vencemos a pandemia, com a flexibilização de medidas que protegem contra a transmissão do vírus, pode retardar o controle mais definitivo da epidemia”, sustentam os pesquisadores. Diante da incerteza, até que haja segurança e regularidade na divulgação dos dados, eles defendem a adoção do passaporte vacinal e reforçam que o uso de máscaras continua sendo muito importante em ambientes fechados ou espaços abertos com aglomeração. “É uma estratégia efetiva. Não há por que negligenciá-la”, recomendam.

Sr. Redator

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Auxílio Brasil
É compreensível que haja uma atitude com relação ao Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família. Contudo, quando não há recurso suficiente, essa passagem de R$ 300 para R$ 400 resulta num gesto demagógico e eleitoreiro. A economia está sendo derrotada pela política, e a pedalada está evidente. Isso já ocorreu com Dilma Rousseff em outras ocasiões, resultando na sua destituição. A responsabilidade fiscal é lei, está na Constituição (lei suplementar), e o seu não cumprimento é crime inafiançável. A situação é difícil e, quando se encontra uma solução, existem impedimentos que levam o governo a pensar melhor. O mercado reage rápido e negativamente. Os investimentos descem, levando o país a um movimento inflacionário que só causa prejuízo à classe mais pobre.
Enedino Corrêa da Silva, Asa Sul


Constrangimento
Constrangedores os pronunciamentos do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes, da Economia, para justificar a decisão de furar o teto de gastos públicos, a fim de aumentar de R$ 300 para R$ 400 o Auxílio Brasil, um arremedo malfeito e mal acabado do Bolsa Família, que tirou milhões de brasileiros da indigência social e econômica. Esta semana, li uma belíssima reportagem no jornal O Estado de S. Paulo que trouxe os efeitos positivos do Bolsa Família, que completou 18 anos. No encontro de Bolsonaro e Guedes com os jornalistas, no Ministério da Economia, ficou claro que Guedes se segura no cargo, não porque seja competente, muito pelo contrário, mas pelo seu puxassaquismo. Bajulou o quanto pôde o ego de Bolsonaro, cuja expressão facial mostrava estar incomodado com o discurso vazio do auxiliar. Uma teatralização das fakes econômicas, quando o país está na ponta da prancha da Terra plana, a meio milímetro de ser lançado no abismo fiscal, sem perspectivas de recuperação, pela ambição de Bolsonaro de prorrogar o seu contrato como inquilino do Palácio do Planalto. Será que a esmola de R$ 400 será suficiente para comprar 17 milhões de votos e garantir a repetição do pior governo que o Brasil já teve desde 1985? Não podemos esquecer que mais 600 mil brasileiros morreram de covid-19 pela radical incompetência do governo bolsonarista.
Isadora Costa, Águas Claras


Arte e fome
Desempregados e pedintes. Em nosso país, sempre existiram. Hoje, de forma acentuada, estão nos semáforos das cidades. Reflexo eterno do desprezo das políticas públicas. Fechou a sinaleira, e eles têm que se apressar para angariar seu sustento. Difícil acreditar que quem pede auxílio, esmola ou outro substantivo seja por opção, por vontade própria. O excesso de comunicação dos tempos modernos também cria a linguagem de se pedir. Antes, nas esquinas — na simbologia dos locais dos mendigos de se pedir, Brasília tem, sim, suas esquinas aos montes —, era o braço estendido com uma vasilha evocando o nome de Deus por uma ajuda. Nos semáforos de Brasília e alhures — presenciei também nos Estados Unidos —, a forma criativa, para não dizer apelativa, para sensibilizar os que estão no conforto de seus automóveis com ar condicionado e música/notícia no rádio, em folha de cartolina, para economizar conversa, anuncia suas necessidades: comprar uma bicicleta para trabalhar; está desempregado; tem ene filhos para criar; pagar aluguel; comprar alimentos, remédios... E a inovação maior, em tempos tecnológicos, é o número do Pix em letras garrafais. Na pressa, como ocorreu comigo, o semáforo abrindo, o necessitado sugerindo fotografar com o celular o cartaz. Quando chego em casa transfiro 10 pilas. Em tempos digitais de falcatruas, é perigoso? O sistema bancário, altamente seguro, que resolva. Minha admiração e colaboração pelos artistas de rua: malabares, palhaços, músicos...
Eduardo Pereira, Jardim Botânico


Precatórios
O Congresso está rasgando a Constituição aprovando o calote dos precatórios. O presidente da Câmara alega que a ilegalidade tem o apoio do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux. Ocorre que o precatório é um título reconhecido por sentença judicial em desfavor de um órgão público: União, estados e nunicípios. De acordo com o artigo 5º, inciso XXXVI da Carta Magna, “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Portanto, são chamados direitos e garantias individuais, que a referida Carta considera como Cláusula Pétrea. Segundo o §4º do artigo 60 dessa Lei Maior, não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente abolir: os direitos e garantias individuais. Como se vê, o aconselhamento do ministro Fux fere flagrantemente o referido preceito constitucional e se, realmente houve, ele fica impedido de votar no caso de ser o Supremo acionado para decidir sobre o caso. Além do mais, os congressistas estão ávidos por dinheiro, tendo em vista as eleições de 2022. Nesse bolo de ilegalidade, o ministro Paulo Guedes, da Economia, tem a faca para cortá-lo e rir da desgraça dos credores, colocando o presidente Bolsonaro como único culpado, alegando que o dinheiro se destina a pagar o Bolsa Família. Na verdade, o dinheiro servirá mais para cobrir despesas dos ministérios, do próprio Paulo Guedes e dos congressistas, pois os trinta bilhões já distribuídos a eles, como cala-boca, não foram suficientes. É o caos e a desmoralização total desses representantes do povo.
José Lineu de Freitas, Asa Sul

Desabafo

Pode até não mudar a situação, mas altera sua disposição



Bolsonaro quer comprar 17 milhões de votos com R$ 400 para cada faminto. A inflação não vai colaborar.
José Emiliano Borba — Águas Claras


Guedes e Bolsonaro: abraço de afogados, símbolos do fracasso. Coitado do Brasil!
Mário Henrique Duarte — Park Way


O país está desabando, a fome cresce a cada segundo, mas o Centrão, grupo antibrasileiros com mandato, querem ver o Brasil no fundo do abismo. “E daí?”, reage Arthur Lira.
Euzébio Queiroz — Octogonal


O Brasil está derretendo. O outrora Posto Ipiranga hoje é lojinha de conveniência. O presidente, com ideias anacrônicas, leva o país à borda sul da terra plana. Só falta saltar!
Luís Baldez — Asa Sul


O Centrão é o mal maior do governo e da economia brasileira.
Francisco Pessanha — Brasília