Sr. Redator

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Azul metileno
Para além do nos chamar a atenção para o fenômeno social, multifatorial do suicídio, que ceifa milhares de pessoas por ano no nosso país — mas que nos passa indiferente —, o autor nos traz mais um agravante à abominável prática: o incentivo à autodestruição por meio de redes sociais. Ressalta a crueza da indigência humana, que não se contenta com o drama emocional das pessoas, seus desesperos, suas angústias, desilusões... Antes, aproveitam-se dessa condição de fragilidade para levar a cabo a vida, em especial de jovens emocionalmente fragilizados, destruindo lares e familias. Parabéns ao autor do texto, Dr. Ricardo Viana, e louvo o trabalho da Polícia Civil do DF.
José Ribamar Rocha, Brasília


Alexandre Garcia
Eu me pergunto Alexandre, onde ficou aquele cronista afiado, inteligente, independente com o qual eu me deliciava? Hoje, tenho a resposta, você, tal qual o Titanic, bateu a cabeça num iceberg fatal chamado Bolsonaro. Difícil entender, como uma inteligência privilegiada, se põe a serviço de um soldado raso, ignorante, um maltrapilho da cultura. Está bem, eu entendo, votei no cara e, até hoj, pergunto, será que votei foi na facada? Triste é ver você, Alexandre, meu ex-guru, torcendo e forçando raciocínios, para mostrar que a ciência é mera balela. O dr.Regis se formou graças à ciência. O combustível que a alimenta é a pergunta. Se você até hoje, não sabe disso, calça um chinelinho, pega uma bandeirinha, veste o modelito Havan e vá babar diante da ignorância parda, que ocupa o Planalto. Sugiro ainda, porque nunca é tarde, que aprenda com novas gerações e, leia o brilhante Luiz Carlos Azedo.
Alice de Carvalho Martins Alves, Núcelo Bandeirante


Corrupção
A má intenção dos parlamentares é cada vez mais nítida. Conspiram, sem pudor ou cerimônia, contra a sociedade. Vergonhosa a decisão de afrouxar a legislação de proteção aos corruptos. Nada mais é do que a declaração dos deputados e senadores de mão grande de avançarem sobre cofres públicos. As mudanças na legislação revelam a falta de escrúpulo do Congresso. Em vez de tornarem mais rígidas as regras de combate à corrupção, os parlamentares arregaçaram as brechas para a roubalheira desenfreada que ocorre no poder público em todos os âmbitos. Uma forma inquestionável de autoproteção e de blindagem dos seus apaniguados ou vassalos ocupantes de cargos na estrutura orgânica do Estado. As alterações são a inversão de um marco legal, a fim de facilitar, com risco zero, as diferentes e mais criativas formas de desviar o dinheiro que deveria ser destinado às políticas públicas. O Supremo Tribunal Federal (STF) tem o dever moral de barrar essas mudanças facilitadoras de crimes contra uma sociedade exausta de ser vilipendiada, por uma classe política que nada mais faz a não ser sugar o povo brasileiro e legislar contra os interesses e direitos dos trabalhadores.
Emiliano Gonzaga Lopez, Vicente Pires


Lição
Excelente, digna de aplausos, a matéria de Ana Debeux Correio (4/9) com o senador Fabiano Contarato, vítima de postagem torpe, leviana e covarde, nas redes sociais, do homofóbico e negacionista Otávio Fakhoury. Inacreditável como um pobre diabo enche a boca, como fez depondo na CPI da covid, para dizer que é direito de liberdade de expressão ser contra o uso da máscara, espalhar notícias falsas e não tomar vacina. O vil Otávio foi desmoralizado publicamente pelo colegiado. Especialmente com palavras duras, sinceras, oportunas e verdadeiras, do senador capixaba, Fabiano Contatato. Que a lição de grandeza, tolerância e amor à família do senador sirva para iluminar a cachola podre de outros irresponsáveis como Fakhoury.
Vicente Limongi Netto, Lago Norte


Diálogos
Eventos como o Projeto Diálogos Contemporâneos, a se realizar em Brasília neste mês, com escritores brasileiros contemporâneos, é oportunidade para se jogar luz na escuridão do painel cultural do país sufocado pelo governo. Elisa Lucinda, Xico Sá, Mário Prata, Renato Janine Ribeiro, Fabrício Carpinejar, Fernando Morais e Ignácio de Loyola Brandão, estão adiante do superficialismo, da inexistência da cultura dessa governança. Três episódios falam por si da importância zero dada pela secretaria de cultura: o desmonte da Biblioteca da Presidência da República, o incêndio na Cinemateca Brasileira e o descarte de clássicos da literatura pela Fundação Palmares. As temáticas do evento são abrangentes — de literatura da periferia à sustentabilidade ambiental — e, certeza, esquadrinhará o porquê de tanta ojeriza pela administração federal por essa área, assemelhando-se ao trato de regimes totalitários. Fica explícito que o objetivo determinado desse governo foi e é não acontecer nada culturalmente. Nunca houve um norte de sua política para essa questão, a não ser a perseguição de maltas boçais nas redes sociais para a classe artística que se distanciou do lema de armas, e não livros. Destaco a presença de Loyola Brandão pelo conjunto de sua obra e por sua premonição do caos urbano e ecológico em seu romance Não verás país nenhum, escrito há quarenta anos.
Eduardo Pereira, Jardim Botânico