Eleições
Com Luiz Inácio da Silva habilitado às urnas em 2022, a esquerda terá um problema. Sem dúvida alguma, ele será muito maior com o restante da representação partidária e seus caciques não estivessem enrascados no quesito decência, probidade, moralidade. Nesse barco que pode ir à deriva no cenário eleitoral, não há lugar garantido no bote salva-vidas para nenhum dos navegantes embarcados. O horizonte é névoa pura, e as pesquisas tomadas como bússola não apontam indicadores confiáveis. Em boa medida, porque pesquisadores comprometidos com hipóteses e analistas compelidos pela necessidade de dar significado aos números, por vezes, não levam em conta variantes indispensáveis à consistência das análises ou deixam de lado os fatos. A mais eloquente dessas evidências é aquela que considera isso ou aquilo “se” Lula realmente será candidato. Trata-se de uma condicionante existente, o que faz do nome dele nas pesquisas uma distorção fática. Desde já elegível, o ex-presidente, por enquanto, só faz parte do rol de concorrentes no faz de conta petista, cujo roteiro aceita ou não o registro da candidatura. Isso ocorre não por algum dos vários distúrbios graves (mensalão e petrolão) de percepção que acometem a turma, mas por falta de opção eleitoral competitiva e de história melhor para contar no acampamento. É de se perguntar: qual a chance de um resultado positivo com o PT destroçado moralmente e sem o dinheiro das empreiteiras? Por mais que nas pesquisas de agora 47% dos consultados digam que votariam com certeza em Lula, as intenções de voto transitam num campo fictício. A outra dimensão pertence às convicções a ser formadas a partir do desempenho dos candidatos no desenrolar da campanha.
Renato Mendes Prestes, Águas Claras
Dilema
Frequentar igreja é desejo da maioria dos brasileiros no pós-pandemia, segundo pesquisa divulgada pela empresa Bateiah (CB, 25/9). Diante de um panorama de luto de quase 600 mil vítimas da covid, e do qual a próxima vítima pode ser qualquer um de nós, num país eminentemente religioso, é natural querer encontrar-se com Deus. Viajar e turismo ficaram em segundo lugar. São dados que constatam as recentes pressões que governantes sofreram para liberação dos templos da fé e do consumo. O aprisionamento do homem neste mundo moderno, vibrante de tecnologias sensoriais sedutoras full time, é colocá-lo no dilema entre a vida e a morte. Ir para esbórnia ou se consolar orando. Vendo países que se libertaram praticamente de máscaras e distanciamento, porque acreditaram na ciência, nos deixam também ansiosos para lotarmos aeroportos e rodoviárias e metermos o pé na tábua. A vacinação adianta, é verdade, mas a situação ainda requer muita cautela. O fim de ano com Natal, férias, recessos e folgas se aproximam e nos encostam na parede com o dilema de nos voltarmos para nós mesmos, esperando a poeira baixar mais um pouco, e não viajarmos, aguentando o trampo do tédio, ou rumarmos à praia para sorvermos cerveja gelada sob o sol, espreitados pela dama da foice. Eis o dilema de solução individual.
Eduardo Pereira, Jardim Botânico
Golpe baixo
Verdadeiro golpe baixo a recente tentativa de reforma trabalhista expressa na redação da PEC 32/2020. Soa como absurda, estapafúrdia e completamente incoerência destoar de um sistema democrático que, de acordo com nossa Carta Magna, destaca a independência entre os Poderes, conjecturar articulação entre Executivo e Legislativo, leia-se Presidência e Congresso, para, nas palavras a ilustre colunista do CB, em matéria veiculada em 24/9, investir contra os servidores públicos, concursados, estáveis e, portanto, detentores de direitos constitucionais expressamente adquiridos no sentido de lhes assegurar a autonomia da estabilidade. O supramencionado Projeto de Emenda Constitucional deveria ser batizado de PEC da “Contrarreforma” Trabalhista. Rogamos que, sob intensos alardes e protestos sindicalistas em favor das categorias, cujos direitos encontram-se explicitamente ameaçados, o Senado Federal se compadeça de tamanha afronta à Constituição e reverta a sandice arquitetada pelo inimigo número um do Servir Publico, Rodrigo Maia!
Nelio S. Machado, Asa Norte
Meio ambiente
Parabéns a Circe Cunha (Visto, lido e ouvido, 29/9) por abordar a falta de compromisso do agronegócio com o meio ambiente, trazendo a aridez permanente das terras exauridas. As gigantescas nuvens de poeira chegaram para engolir cidades como alerta máximo à degradação continuada do solo por plantações extensivas, pastos e garimpos em várias regiões do Brasil. A tão propalada exportação de carne, grãos e minérios como salvação da economia nacional não prevê o desabastecimento futuro, agravado com a escassez dos recursos hídricos, incentivo ao desmatamento e métodos antiquados de produção de energia.
Fátima Bueno, Lago Norte