Quem não ouviu ou mesmo se queixou da quantidade de notícias ruins que são divulgadas diariamente? Há quase dois anos, o brasileiro tem enfrentado estoicamente a tristeza da perda, a tensão, a insegurança. Principalmente por causa da pandemia, e não só. Mas isso é tema para outro artigo. Precisamos falar da busca da alegria, da esperança de dias melhores, do resgate do nosso temperamento. Aos poucos, vislumbramos um novo tempo. Estamos reagindo.
Grande parte dessa retomada é explicada pela vacinação, que tem avançado, ao mesmo tempo em que se tem redução no número de mortes. O fato se configura numa boa notícia, embora sonhemos com o dia em que não sejam registrados óbitos por covid-19 no nosso país. Devemos comemorar a atitude do brasileiro, afinal, a maioria de nós foi e vai aos postos de vacinação e esta conquista é nossa, apesar dos maus exemplos de fake news, envolvendo a qualidade dos imunizantes e toda a negatividade com que o tema tem sido tratado em meios de comunicação e nos grupos de trocas de mensagens.
Alguns números sugerem o acordar do otimismo. O comércio tem um dos principais indicadores. Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que a expectativa do setor para as festas do fim do ano é de contratar mais de 94 mil funcionários temporários para o atendimento dos consumidores. E nós ansiamos por um Natal feliz, aguardamos um Ano-novo verdadeiramente novo. Novo como antigamente, quando fazíamos festa, quando nem sabíamos que aquilo se chamava aglomeração, nos abraçávamos bem apertado, distribuíamos beijinhos, ficávamos colados uns aos outros.
Todos queremos fugir do que estamos vivendo hoje, quando os olhos se põem “nas pontas dos pés” para conseguir enxergar por sobre as máscaras, os sorrisos vivem encobertos e a preocupação é constante. Como bem diz a música de Liminha e Gilberto Gil, no ritmo do Skank, “vamos fugir deste lugar... vamos fugir pr’outro lugar...”, sentimos que é chegada a hora. Pesquisa da empresa Decolar aponta que o interesse dos brasileiros por viagens cresceu 63% na última semana em relação à anterior. Na verdade, não se trata de fugir, mas esta é a sensação. Queremos voltar a viver sem medo, sem a sombra pesada desse vírus ainda cercado de mistérios.
Países voltaram a abrir as fronteiras (alguns com restrições compreensíveis), o brasileiro descobriu que o próprio país é uma bela opção e o sonho de ter uma realidade diferente ainda neste ano começa se traduzir em bilhetes de viagens. Aqui, é preciso fazer uma ressalva em relação aos preços das passagens, que estão subindo na mesma proporção do número de voos.
Tudo se encaminha para uma realidade diferente daquele dezembro de 2020, quando as famílias ficaram distantes à mesa, quando o virtual transformou os encontros em “novo normal”, quando as crianças não sentiram o calor dos avós e havia pouco ou nenhum motivo para festas. Por falar nisso, é importante ter em mente que construímos a normalidade a cada dia, diante das nossas necessidades, com responsabilidade. Apesar das flexibilizações, é preciso ter cuidado, lembrar que a pandemia não acabou e que o fim depende de todos nós. O normal é ter saúde, por isso, vamos cuidar de nós.