OPINIÃO

Visto, lido e ouvido — Eleições e masoquismo político

Imensas são as responsabilidades, principalmente os deveres, daqueles que, em função do cargo de representação, dado pelo voto popular, são alçados à condição de chefe da nação. Não é por outra razão que os presidentes da República, no caso do Brasil, concentram grande soma de poder. Infelizmente, não são poucos, em nosso país, aqueles que, uma vez atingido essa condição extraordinária, se veem muito aquém dessa missão, transformando-se, depois de empossados, em verdadeiros anões políticos, reféns das circunstâncias ou totalmente entregues às forças que o circundam.

Não é um cargo para muitos e, talvez, por isso mesmo, muitos têm fracassado, levando todo o país de roldão para crises que parecem se perpetuar no tempo. A história política de nosso presidencialismo, desde sua implantação à força, em 1889, apresenta uma sequência ininterrupta de crises. Não seria exagero dizer que esse sistema de governo ainda não disse a que veio nem conseguiu acertar as contas com o passado, quando expulsou, de forma violenta, a família real do país.

A razão para essas crises contínuas reside, como é do conhecimento de muitos, na falta de preparo dos postulantes para exercer cargo tão instável e delicado. A vantagem da monarquia, se é que isso é possível, diante da mediocridade de figuras que desfilaram como presidentes da República, é que o futuro indicado por laços consanguíneos, recebia uma longa e detalhada preparação prévia antes de assumir como soberano.

Na verdade, temos experimentado, em mais de um século, uma sequência enorme e penosa de presidentes da República totalmente despreparados para a função, e seguimos nessa toada, em que a única exigência ou pré-condição para atingir o posto é dado pelo instrumento do voto. O mesmo acontece para outros cargos no Executivo e no Legislativo e, em certos casos, para a mais Alta Corte de Justiça do país. No lugar dos mais bem preparados, temos os mais espertos. Convenhamos, isso não é critério que levará ao poder os cidadãos mais bem preparados e aptos a exercê-lo.

Para um alienígena que por aqui aportasse, soaria estranhíssimo termos exigências curriculares para varredores de rua e não termos as mesmas cobranças para aqueles que ocuparão o comando da nação. A coisa fica ainda mais absurda ao verificarmos que estamos nos aproximando de 2022, quando, mais uma vez, teremos que escolher entre dois possíveis candidatos demasiadamente conhecidos, testados e reprovados por suas performances.

Não há aqui necessidade de termos uma bola de cristal para sabermos que estamos diante de uma nova crise que virá, caso qualquer um desses dois nomes que estão em destaque nas pesquisas assumam, novamente, a Presidência da República. São as imperfeições inerentes ao regime democrático, diriam uns. Outros dirão que são, na verdade, as imperfeições graves de um sistema eleitoral, no qual o eleitor é apenas um detalhe incômodo e indispensável para o dia da votação e, depois disso, é deixado de lado e esquecido.

O fato de estarmos em meio a mais uma crise, agravada agora por uma pandemia devastadora, não nos impede, em momento algum, de prepararmos o próximo pleito de 2022 apenas para darmos continuidade às nossas tribulações infindas. Seria próprio da democracia também essa espécie de masoquismo político, que faz com que os cidadãos permaneçam atados a um sistema que parece render apenas crises cíclicas?


A frase que foi pronunciada

“A vontade é a única coisa do mundo que, quando esvazia, tem que levar uma alfinetada.”
Mafalda


Sonho
Tomara que a equipe do governador Ibaneis não apenas continue com as obras de melhoramento da W3 Sul, mas estenda a iniciativa também à W3 Norte, visando, quem sabe, a um futuro não muito distante, integrar, para os pedestres essas duas importantes vias comerciais da capital, formando uma só avenida, iluminada, limpa e atrativa para os empresários, turistas e para a população.


Concreto
Caso o atual governador consiga, o que tem parecido impossível até aqui, a revitalização desse importante eixo, esquecido e abandonado no tempo, essas obras representarão um marco da sua gestão, capaz de gerar novo e amplo fluxo econômico da cidade, castigada por uma pandemia prolongada e impiedosa.


História de Brasília

Está trabalhando ativamente a Associação Profissional dos Jornalistas do Distrito Federal para que sejam financiados os carros dos seus associados. Os primeiros entendimentos com o cel. Jofre, informa a Secretaria da Associação, foram realizados com bastante êxito.
(Publicada em 8/2/1962)