ARTIGO

Mais um triste capítulo: a guerra no futebol pelo público nos estádios

A pandemia vai deixar inúmeras lições e marcas na sociedade. O país se aproxima da triste estatística de 600 mil casos fatais em 18 meses. E, em momento algum, a classe política remou junta em busca de uma solução. Muito pelo contrário. O radicalismo e a polarização acabaram incentivados em todas as esferas: municipal, estadual e federal

O embate entre os times de futebol em relação à volta do público aos estádios é mais um triste capítulo da gestão da pandemia no país. Ilustra bem a ausência de um pensamento unificado, de todos caminharmos juntos para superarmos as mazelas provocadas pelo novo coronavírus. Pelo contrário, é o prevalecimento do egoísmo, em que os interesses individuais predominam em nome do coletivo.

Dessa forma, qualquer solução se torna mais difícil. Estamos em um momento-chave do combate ao novo coronavírus. Em que pese a falta de vacinas para a segunda dose em algumas unidades da Federação e o crescimento de casos em outras, há a sensação geral de que a imunização em massa da população está, sim, conseguindo vencer a variante Delta. Há uma nítida redução de mortes e hospitalizações em comparação com dois ou três meses atrás. Isso significa que a pandemia acabou? Não! Podemos ficar esperançosos? Sim.

Então, com o fim da maioria das medidas de restrição social, é justo discutir a volta de público aos estádios, mas não pode ser da forma que está ocorrendo. Com base em liminares, alguns clubes conseguiram ou vão conseguir jogar com torcida. E esse é o problema. Ao agir de forma isolada, não se pensa no coletivo. Não é muito mais fácil sentar à mesa, estabelecer uma data, definir as regras, e todos — ou a maioria — passarem a mandar as partidas com a presença de torcedores? Seria, mas, quando se trata de Brasil, nem sempre o bom senso impera. É só ver o que ocorreu na relação entre prefeitos, governadores e o presidente da República.

A pandemia vai deixar inúmeras lições e marcas na sociedade. O país se aproxima da triste estatística de 600 mil casos fatais em 18 meses. E, em momento algum, a classe política remou junta em busca de uma solução. Muito pelo contrário. O radicalismo e a polarização acabaram incentivados em todas as esferas: municipal, estadual e federal. No fim das contas, só haverá um derrotado. O povo. Afinal, em tragédias, não existem vencedores.

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