A democracia brasileira é barulhenta, mas tem dado importantes sinais de solidez. Arroubos autoritários não empurrarão o país novamente para o atraso. A população, no geral, não abre mão dos direitos previstos na Constituição. As conquistas obtidas desde que o Brasil se livrou de seu último período de ditadura são inalienáveis. Aqueles que se aventurarem a apoiar um regime de exceção terão de prestar contas à Justiça.
Neste Sete de Setembro, portanto, todos devem celebrar a democracia. Os brasileiros que optarem por sair às ruas precisam ter em mente que hoje é um dia de alegria, de pacificação, não de divisão e intolerância. O Brasil necessita de equilíbrio, não de radicalização. Há problemas demais a serem atacados para o bem-estar da população, sobretudo a mais pobre. Não será numa nação conflagrada que se combaterá o desemprego, a inflação, o baixo crescimento econômico, o custo da energia.
Nos últimos dias, o país assistiu, atônito, a um acirramento político. Manifestos de todos os lados pediram serenidade. Representantes do Produto Interno Bruto (PIB), que, normalmente, preferem não se expôr, posicionarem-se publicamente em favor da pacificação. Há o temor de que todo o esforço feito até agora para recuperar a economia seja perdido. Não se pode esquecer que o Brasil não cresce desde 2014. A pobreza atinge quase 30% da população. E há uma pandemia assustadora.
A notícia alvissareira em meio às ameaças de rompimento democrático é que as instituições brasileiras têm se mostrado fortes o suficiente para barrar aventuras. Ativo, o Judiciário vem contendo todos os movimentos que tentam sair das quatro linhas da Constituição. O Congresso, ainda que omisso em pontos importantes, não está disposto, em sua maioria, a endossar o populismo e o autoritarismo. O Brasil é muito maior do que aqueles que se acham acima do bem e do mal.
Sendo assim, o Sete de Setembro não pode se resumir ao culto de uma personalidade. Muito pelo contrário. É de todos os brasileiros, da liberdade de se expressar e do respeito ao contraditório. É aí que reside a força da democracia. Não há dúvidas de que, passado o turbilhão provocado por aqueles que prezam o confronto, o país estará mais forte. Vencerá o Brasil real, não as bolhas das redes sociais que pregam o ódio.
Que todos coloquem a mão na consciência e façam deste Sete de Setembro um dia para se orgulhar, para ficar do lado bom da história. Basta de tanto sofrimento, de tantas vidas perdidas para a covid, de negacionismo, de miséria. O Brasil é grande demais para abarcar a todos, mesmo que de posições políticas diferentes. Um viva à democracia.