Com a aproximação do fim do ano e a programação de festas e férias, que tende a sofrer forte influência da melhora nos índices da covid-19, é importante que usuários de rodovias e autoridades olhem pelo retrovisor para avaliar um indicador que destoa das quedas de atividades em quase todos os setores do país em 2020. Mesmo com o Brasil desacelerando diante da pandemia, o número de mortes nas rodovias se manteve praticamente estável em relação a 2019, ainda que as estatísticas de acidentes tenham mostrado relativa queda.
Os dados são do painel de acidentes rodoviários da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Com base em registros da Polícia Rodoviária Federal, o estudo mostrou que as estradas federais brasileiras registraram 63.447 desastres em 2020 – uma queda modesta de 5,9% em relação aos 67.427 do ano anterior. O número de pessoas que perderam a vida nessas ocorrências, porém, se manteve praticamente o mesmo: 5.287 em 2020, ante os 5.332 de 2019. Isso indica que os acidentes no ano passado, além de terem diminuído pouco, foram mais letais. Ocorreram nada menos que 14 mortes a cada um dos dias de 2020, em média – mais do que uma a cada duas horas, e isso consideradas apenas as vítimas em BRs.
Ainda segundo dados compilados pela CNT, foram 81 desastres com vítimas, em média, a cada 100 quilômetros de estradas sob monitoramento da União. Embora a maioria desses registros esteja concentrada no Sul e Sudeste do país, o Distrito Federal se destaca negativamente com cinco vezes mais acidentes do que a média nacional, considerando a mesma extensão de rodovias. E Minas Gerais, com a maior malha viária do Brasil, corredor entre o Norte e o Sul, surge com o maior número absoluto de ocorrências e de mortos.
A quantidade de vidas perdidas por uma das chamadas causas evitáveis já tem custos sociais e emocionais enormes, especialmente em um país já enlutado por centenas de milhares de mortes provocadas pela covid-19. Mas a tragédia nas estradas tem também repercussões financeiras diretas. A CNT estima que o impacto total das ocorrências em BRs seja de R$ 10 bilhões apenas em 2020, a maioria esmagadora desse valor proveniente de desastres fatais (cerca de R$ 4 bilhões) ou com feridos (cerca de R$ 5,8 bilhões).
Mudar os números dessa tragédia nas estradas que cortam o país de Norte a Sul é tarefa de um esforço nacional. Ela passa por obras que tornem rodovias mais seguras, por mecanismos de controle de velocidade que não sejam meras máquinas de arrecadar multas, mas que sejam empregados com eficiência, em locais que realmente sejam necessários, e por fiscalização eficaz. Mas nada disso será suficiente se os motoristas, profissionais ou não, não se conscientizarem e fizerem sua parte. O país parece caminhar para o controle da pandemia do novo coronavírus, após um sofrido combate cheio de reveses. Já passa da hora de encarar também a verdadeira “epidemia do cotidiano” que ceifa vidas em nosso trânsito, e para a qual ainda não há vacina.
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Vacinação
A entrevista do presidente Bolsonaro concedida a uma revista semanal não traz nada de novidade. Seus sestros ideológicos, desculpas e inverdades são repetidos à exaustão. É só apertar a tecla play do gravador e ouvir todas chorumelas, que serão repetidas nas próximas entrevistas com a mesma oralidade. Tiveram duas afirmações a se destacar. Primeiro, a que causou perplexidade a meio mundo, ou, ao mundo inteiro, a de que a primeira-dama, que se expressa por Libras, tomou a vacina contra covid nos Estados Unidos, desprezando esse serviço em seu país. Talvez ela não quisesse dobrar a manga de sua blusa de alta-costura para aceitar vacina de servidores do Sistema Único de Saúde (SUS). Macularia sua veste antes de sua pele. Enjeitar o serviço pátrio de saúde pelo dos gringos, revelou sua admiração pela saúde do primeiro mundo. SUS? JeSUS! Será que passa pela cabeça da primeira-dama que estará mais protegida porque vacinou na maior potência do mundo? A segunda afirmação do presidente, é ver que sua cadeira não está ocupada por um comunista. Nos limites da razão, taxativamente, é de se perguntar, em que fase da história o Brasil foi regido pelo regime comunista. O que só confirma o perfil do presidente como um paranoico. Expressando esse adjetivo, e não outro mais contundente, para não ferir a sensibilidade de bolsomínions que denominam medíocres quem ousa criticar severamente o presidente como servidor público.
Eduardo Pereira, Jardim Botânico
» É muito triste e ridículo o comportamento da equipe que acompanhou o mito à Nova York. Não bastasse o desprezo que ele tem pela vacina da covid-19; o seu comportamento é tão bruto que ele não lembra que os pais o levaram a tomar as vacinas recomendadas às crianças e adolescentes evitando muitos males, inclusive a paralisia infantil. O Brasil é campeão mundial em “vacinação” e serve de estudos a outros países. E para desrespeitar o nosso SUS, as clínicas e a nossa medicina, a Senhora Michelle Bolsonaro preferiu tomar a vacina em Nova York, “muito chique” como diria minha querida e saudosa mãe. Os apoiadores do mito em grande parte, caso venham a contrair o vírus, vão para a fila do SUS, e o mito e sua equipe vão para os melhores hospitais, entre eles o Albert Einstein. Mais respeito pelas nossas instituições e por seus apoiadores.
Hortêncio Pereira de Brito Sobrinho, Goiânia (GO)
Secretária
Quem sabe a importância desta profissional que atravessa décadas vai respeitar o dia 30 de setembro, dedicado e idolatrado por muitos empresários, executivos, políticos, ídolos da música ou da telinha/telona. Todos possuem uma secretária. E, é esta profissional dedicada e atenta aos desejos, anseios e modos de seu chefe imediato que torna a profissão um exemplo de carisma, competência e segurança daqueles a quem assessora. Afinal, mais do que cuidar da agenda diária e semanal, é ela quem tem tudo na ponta do lápis. Seja a data de aniversário de alguém importante, o presente ideal para um e outro e os momentos especiais. Estas fantásticas amigas, ouvidos e ombros. Sofrem com os superiores, sorriem com suas conquistas, vivenciam cada minuto não para si, mas para a quem se dirigem como “meu chefe”. E, o dia delas não é brincadeira, chega antes do chefe, arruma a sala, prepara ou pede o café do jeito que o chefe gosta, anota os principais compromissos do dia, sai para almoçar depois do chefe e retorna antes, atende telefone, lembra dos compromissos da tarde e da noite, faz as reservas de viagem, carro, avião/ônibus e hotel. Enfim, um calendário de datas, horários e fatos importantes. Mais do que uma profissional, a secretária é, na realidade, dedicação, confiança e cumplicidade para que tudo dê certo em qualquer empreendimento!
Gregório José, Brasília
Violência
Extremamente triste o assassinato do jovem praticamente na porta de escola em Ceilândia. Foi morto por bandidos que queriam levar o celular. Os roubos nas imediações dos colégios são frequentes. A polícia nada faz, não tem policiamento, rondas, prevenção do crime. Pelos altos salários que recebem, deveriam fazer um trabalho melhor, procurar mesmo ter tolerância zero com o crime! Uma vergonha isso e vivem recebendo aumento de salários do governador que é um puxa-saco da categoria! Se houvesse mais policiais nas ruas com certeza essa tragédia teria sido evitada!
Washington Luiz Souza Costa, Samambaia
Energia
O péssimo atendimento da Neoenergia (nova distribuidora do DF) deveria ser foco de uma reportagem. Houve a privatização e o serviço piorou muito. Fiquei 24h sem energia (pela primeira vez na vida!) e sem atendimento decente. O serviço de whatsapp não funciona e a ouvidoria também estava fora do ar nesta segunda-feira. Impressionante. Registrei reclamação junto à Aneel. O atendimento deles é estarrecedor. E a conta só aumentando...
Assis Medeiros, Brasília
Desabafo
Pode até não mudar a situação, mas altera sua disposição
Agronegócio: 18 milhões de pessoas ocupadas. Sinais de retomada do mercado de trabalho.
José Matias-Pereira — Lago Sul
É ruim a apropriação dos símbolos nacionais por agremiações políticas, independentemente de ideologias. Prejudica a identidade nacional, perde-se a referência, e atrapalha até os torcedores do esporte brasileiro, por exemplo.
Marcos Gomes Figueira — Águas Claras
Cem vezes Lewis Hamilton! Em uma corrida emocionante, o piloto atinge recorde inédito ao conquistar a centésima vitória na F-1.
José Ribamar Pinheiro Filho — Asa Norte
Síntese do pensamento de certa cepa do empresariado nacional: fazer pouco-caso da morte de idosos durante a pandemia; vender a própria mãe à covid-19; fazer apologia da careza (carestia).
Marcos Paulino — Águas Claras