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Visão noturna e integração de meios inovam cenário de emprego das Forças Armadas

Os primeiros sistemas de visão noturna para aplicações militares foram considerados operacionais no exército alemão nos idos de 193

A constante incorporação de novos meios, fruto do avanço tecnológico, impõe às Forças Armadas mudanças na doutrina de emprego, conjunto das tropas e meios operacionais, na busca permanente pelo aprimoramento de suas capacidades operativas para melhor cumprir suas missões em prol da defesa da pátria.

A “visão noturna” é um desses avanços que modificaram a forma de combater das Forças Armadas. Os primeiros sistemas de visão noturna para aplicações militares foram considerados operacionais no exército alemão nos idos de 1939. Até o final da Segunda Guerra Mundial, aquele exército contava com cerca de 50 carros de combate Panther equipados com essa tecnologia.

A capacidade de combater à noite sempre proporcionou uma vantagem tática significativa, pois possibilita a realização de operações em condições de pouca visibilidade. Ao mesmo tempo, apresenta grandes desafios quanto à coordenação das forças empregadas no campo de batalha.

Nesse sentido, e de forma inovadora, o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, em conjunto com a Marinha, o Exército e a Força Aérea, planejou o primeiro adestramento conjunto de voo de helicóptero empregando óculos de visão noturna (OVN) em ações táticas de conflito.

Na semana de 16 a 20 de agosto, pilotos e tripulações das três Forças Armadas participaram da atividade militar no Comando de Aviação do Exército em Taubaté, São Paulo. Essa fase foi precedida por nivelamento doutrinário das tripulações dos helicópteros sobre o emprego dos meios em operações de guerra com OVN e contou com inúmeras horas de prática em simuladores de voo.

Durante o treinamento, foi colocada em prática a capacidade conjunta adquirida, por meio da realização de incursões aeromóveis noturnas, no contexto de uma situação tática, envolvendo aeronaves H-225M das três Forças Armadas, com seus pilotos e tripulações, além de tropas da 12ª Brigada de Infantaria Leve, totalizando cerca de 165 militares.

A complexidade desse tipo de operação, especialmente quando executada à noite, com o uso de equipamentos de visão noturna, trouxe o desejado realismo ao treinamento, exigindo coordenação, destreza e profissionalismo de todos os militares envolvidos.

Outro aspecto importante desse treinamento foi a possibilidade de empregar os helicópteros H-225M, oriundos do Projeto H-XBR, iniciado no ano de 2008 pelo Ministério da Defesa, e que tem como objeto principal a produção, a industrialização, o desenvolvimento e o fornecimento de 50 helicópteros de médio porte e emprego geral para as três Forças Armadas, para missões como resgate, busca e salvamento, infiltração aeromóvel, evacuações aeromédicas, entre outras.

A fabricação das aeronaves fomenta, entre outros setores da economia, a indústria nacional de defesa, mediante a efetiva transferência de tecnologia e ampliação da capacidade brasileira no campo aeronáutico, em particular a aviação de asas rotativas. Até o presente momento, já foram entregues 38 aeronaves, sendo 11 para a Marinha, 13 para o Exército, 12 para a Força Aérea e 2 para atendimento à Presidência da República. O projeto H-XBR tem previsão de término para o primeiro semestre de 2027.

O adestramento conjunto de voo de helicóptero empregando óculos de visão noturna foi mais uma atividade do programa de trabalho estabelecido pelo Ministério da Defesa, que teve por objetivo fomentar a interoperabilidade entre as Forças Armadas, na busca pelo desenvolvimento de novas capacidades, a partir da integração das melhores práticas, com resultado direto no preparo permanente para a defesa da pátria.